Helio Fernandes
A tristeza e o lamento diante da humilhante posição de Dona Dilma
diante do comportamento arrogante de vários governos estrangeiros, não
são por ela e sim pelo Brasil. Tendo vivido tanto, presenciei e combati o
domínio dos embaixadores dos EUA, que duraram mais ou menos até
1945/46.
Acreditei que tivesse acabado por aí, mas veio Lincoln (não merecia o
nome) Gordon, que mandou de verdade. O general Wernon Walters, que não
foi embaixador, mas tinha poder de fato, coordenou o golpe de 64, junto
com o embaixador, que por ser de Harvard, era admirado até por
auto-assumidos progressistas.
Antes do golpe, mas depois de 1960, mudamos a política suicida,
assumimos oficialmente o comportamento inverso ao dos anos anteriores.
Mandamos como embaixador do Brasil nos EUA o mais “americanófilo” dos
cidadãos daqui e de lá. Loucura completa.
Lógico, falo de Roberto Campos. Lá, cuidou dos detalhes internos do
golpe, tudo o que se relacionava com a “Operação Brother Sam” passava
por ele. Só então era enviada a Lincoln Gordon, o embaixador americano
encarregado de conversar (leia-se, enganar) com o presidente João
Goulart.
E o presidente Goulart, o embaixador Gordon e o jornalista Roberto
Marinho, unidos e entrelaçados na “missão” de isolarem, intimidarem e
anularem qualquer reação de Leonel Brizola, até 1962, governador do Rio
Grande do Sul. E candidatíssimo a presidente, possibilidade mais do que
visível e compreensível, se não tivesse havido o 1º de abril de 1964.
Nesse mesmo dia, derrubado o governo de fato e de direito, Roberto
Campos embarcou para cá, veio ser o embaixador dos EUA no Brasil.
Mandou, dominou e comandou de verdade. Aqui, foi tão eficiente para os
americanos, como fora lá, com o título de embaixador do Brasil, mas com
funções completamente contraditórias.
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