Por A.Álvaro Guedes
Do Alerta em Rede
Por iniciativa do senador Cristóvam Buarque (PDT-DF), o Brasil foi
apresentado à mais recente utopia ambientalista: o "decrescimento
econômico". Para promover a esdrúxula ideia, o parlamentar organizou e
presidiu uma audiência pública sobre o tema, no último dia 5 de
setembro, na Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20 e do
Regime Internacional Sobre Mudanças Climáticas da Comissão de Relações
Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado.
O evento contou com presença de três "especialistas" que defendem a
proposta: o geógrafo francês Philippe Léna, diretor da ONG Instituto de
Pesquisas para o Desenvolvimento (IRD); e os brasileiros Carlos Alberto
Pereira Silva, historiador da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
(UESB), e o agrônomo João Luís Homem de Carvalho, da Universidade de
Brasília (UnB) (Agência Senado, 06/09/2011).
Nos debates, pode-se verificar que o "decrescimento" não representa
nenhuma grande novidade em relação aos tradicionais conceitos oriundos
do malthusianismo e sua variante ambientalista, a começar pela surrada
cartilha dos "limites do crescimento". A ideia básica é a de que as
sociedades devem, voluntariamente, encolher as suas economias, de modo a
respeitar a limitação dos recursos naturais. Portanto, afirmam, a
Humanidade deveria promover um programa conjunto de redução do seu
crescimento.
Léna definiu o "decrescimento" como uma necessidade, devido aos dados
científicos que, segundo ele, atestariam que a raça humana está "à
beira de abismo, pisando no acelerador".
Já o historiador Pereira Silva defendeu uma certa "ética
ecoantropocêntrica", baseada em um "egoísmo inteligente", que encare o
cuidado com outras espécies como a preservação da própria raça humana.
Além disto, afirmou que o desenvolvimentismo está ligado ao culto à
violência e ao corpo, cuja alternativa mais adequada é buscar saberes de
populações indígenas e iletradas (algo como "o bom selvagem" de
Rousseau, em nova roupagem).
Por sua vez, o agrônomo Homem de Carvalho defendeu uma espécie de
"nivelamento para baixo", com a redução do crescimento nos países ricos,
igualando-os aos países subdesenvolvidos, como meio de adequá-los aos
supostos "limites dos recursos naturais".
Não por coincidência, ele teceu elogios a instituições malthusianas,
como o Clube de Roma e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC), afirmando que os seus relatórios "respaldam" o
decrescimento como uma necessidade. Sintomaticamente, ele não fez
qualquer comentário sobre a desqualificação científica dos principais
documentos de ambas as entidades, atestadas por numerosos cientistas
sérios que se deram ao trabalho de analisar criticamente as suas
conclusões fundamentais.
O conceito de "decrescimento" foi cunhado na década de 1970 por
Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994), matemático e economista romeno,
que – também não por acaso – foi um dos fundadores do Clube de Roma e um
dos arautos do malthusianismo moderno. O cerne do problema ecológico,
para ele, é que a sociedade do crescimento econômico seria não apenas
ambientalmente insustentável, mas também indesejável. Para solucionar o
problema, ele propunha o regresso aos modos de vida primitivos,
renegando séculos de avanço científico e tecnológico.
O fato de que o senador Buarque empregue o tempo e os recursos do
Congresso para promover semelhantes sandices, como sendo uma proposta
digna de consideração para países como o Brasil, ainda às voltas com
extremas desigualdades sociais, somente revela a profunda desorientação
de alguns homens públicos brasileiros sobre o fato de que a ideologia
malthusiana/ambientalista não passa de um instrumento político das
oligarquias hegemônicas do Hemisfério Norte. De fato, chega a ser
estarrecedor que um intelectual de sua estatura acredite ser positivo se
propor às gerações futuras padrões de vida inferiores atuais, sem
qualquer consideração pelo fato de que mais da metade da população
brasileira ainda não tem acesso a comodidades como o saneamento básico.
Definitivamente, o senador Buarque já conheceu dias melhores.
Parabéns ! Eduardo pela competência e matéria extraordinária.
ResponderExcluirQUEM MERECE!!!!?????
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