O enredo da história é bem conhecido: logo depois da tragédia de Mariana, Samarco, Vale e BHP vêm a público se dizendo consternadas, abaladíssimas, sensibilizadas com a dor das famílias e com os estragos provocados ao meio ambiente. Prometem de tudo nessa hora, pela recuperação dos danos. ‘Todos serão devidamente indenizados, acudidos, socorridos, cuidados nos mínimos detalhes’, dizem.
Todos os esforços serão implementados para restituir a dignidade às famílias humildes que sofrem com o pesadelo. ‘A natureza será reconstituída, não descansaremos até que a vida volte ao longo do Vale do Rio Doce, prometem. Passado mais de um mês da tragédia, o fundo anunciado não aparece, as multas não são pagas, o dinheiro some das contas bancárias das mineradoras envolvidas, o Termo de Ajustamento de Conduta não é assinado pela Samarco.
O calote é óbvio, só não vê quem não quer. Pouco a pouco, fica evidente o escárnio, o menosprezo dos poderosos pela população em geral. Agora, a conversa é com o departamento jurídico das empresas. O poder público não tem e nunca teve forças para impor as leis às mineradoras. Assim, mais uma vez, ficamos à mercê da ganância, da ambição desmedida dos acionistas por lucros exorbitantes. Se fosse em um país sério, os dirigentes dessas empresas estariam atrás das grades, o povo na rua a protestar. Daqui a 30 anos, ações jurídicas por indenizações para recompensar gente que tudo perdeu com o desastre ainda estarão pendentes de julgamento definitivo. O que fica é a indignação.
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