Neste momento em que se constata que o crime está “institucionalizado” no país e que, para enfrentá-lo, são propostas as “dez medidas” contra a corrupção, a sociedade deve estar atenta à ofensiva paralela de membros do Senado – não por acaso enrolados na Lava-Jato, como Romero Jucá e Renan Calheiros – para retomar o projeto de lei sobre abuso de poder, atualmente parado na comissão especial, o qual, sob o nobre pretexto de aprimorar nossas instituições, tem, na verdade, outro fim bem menos virtuoso: o de intimidar servidores públicos que ‘ousarem’ iniciar investigação contra os que se consideram os intocáveis da República.
Os citados – alvos de várias investigações e até de um pedido de prisão – legislam, claramente, em causa própria, e anseiam por ver o projeto que defendem transformado em lei o mais urgentemente possível. Assim, e para não correr riscos, trabalham nos bastidores do Senado com o único fim de “cortar as asinhas” dos investigadores. Se conseguirem seu objetivo espúrio, haverá claro retrocesso institucional que só fará inibir a persecução penal no Brasil. Ao contrário do que diz o senador Jucá – enroladíssimo com a Justiça e intransigente defensor do projeto –, a nação dispensa que a lei “preserve” suas autoridades, ainda mais essas do tipo que ele tão bem representa.
Quer, isso sim, salvaguardar suas instituições e fortalecê-las, ainda mais, para que possam enfrentar, de igual para igual, os criminosos de colarinho branco e os contestáveis da República.
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