A
tensão da esfera política chega ao topo da montanha. A causa ? A delação do fim
do mundo, como está sendo designada a investigação que abrigará o depoimento de
70 executivos da Odebrecht na operação Lava Jato. A suposta lista de nomes
envolvidos na Lava Jato pode chegar aos 150. Mas se os braços da investigação
se estenderem a campanhas mais antigas calcula-se que cerca de 400 políticos de
partidos grandes, médios e pequenos serão laçados.
E como
se desenrolará esse gigantesco ato investigativo? Há análises de todos os tipos
e para todos os gostos. Primeiro, o processo deverá ser muito demorado, eis que
cada delator deverá fazer muitos relatos, não apenas um. Segundo, calcula-se
que a modalidade de ajuda do grupo Odebrecht para os políticos abrange recursos
oficiais, recursos do caixa dois e propinas. A questão que se coloca é a
dificuldade de classificar as contas. Donde surge a questão: e se os partidos
demonstrarem que os recursos entraram pela via legal nos cofres das campanhas ?
A
solução aventada por muitos protagonistas aponta para o fechamento do ciclo do
caixa dois em campanhas passadas, com a anistia aos beneficiados, e a abertura
de um novo ciclo, com a condenação de agentes políticos futuramente envolvidos
com recursos não contabilizados. Zerar o passado seria, portanto, a saída que a
esfera política encontra para administrar a situação de quem recebeu dinheiro
pelo caixa dois. Mas o preço de uma medida como essa custará caro à representação
política: a execração social.
A
sociedade não acatará de forma tranquila esse jeitinho brasileiro. Movimentos,
setores, grupamentos deverão reagir de maneira muito contundente. Haverá
formidável pressão sobre o Parlamento para evitar a artimanha. Mesmo assim,
chega-se a avaliar que os danos provocados por eventuais condenações da Lava
Jato seriam maiores que a execração pública dos protagonistas envolvidos no
caixa dois. Por isso, a tendência é a de aprovação do projeto que divide o
caixa dois em antes e depois.
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