Após dias de expectativas, a equipe econômica bateu o martelo e elevou o teto do déficit primário deste ano, de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões. O mesmo valor está previsto para 2018. O Executivo atribuiu o resultado negativo à frustração de arrecadação. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, culpou a queda da inflação pela diminuição do fluxo de recursos para a União, embora tenha reconhecido que a redução do custo de vida preservou o poder de compra dos trabalhadores.
Desde 2014, as contas do país estão no vermelho. Ou seja, as despesas são maiores do que a capacidade de arrecadação do Executivo. Equilibrar os gastos à receita é desafio que se impõe ao governo federal e também ao Legislativo e ao Judiciário. Sem isso, é cada vez mais difícil, ou quase impossível, ao Estado induzir o desenvolvimento, via investimentos essenciais à expansão da economia. Na rua da amargura estão 13,5 milhões trabalhadores desempregados.
O maior peso da conta do arrocho recairá sobre o Executivo. Na mira de Meirelles estão os servidores públicos, exceto os militares. Pelo menos 60 mil vagas não preenchidas na administração federal serão eliminadas. Os funcionários verão o contracheque emagrecer. A contribuição previdenciária deles passará de 11% para até 14%. O salário-base para quem ingressar no serviço público terá uma variação de R$ 2,8 mil a R$ 5 mil. Os fundos de investimento fechados serão tributados anualmente. O governo limitará ainda os incentivos às exportações. Não haverá mais desoneração da folha de pagamento das empresas, que voltarão a recolher contribuição à Previdência Social.
Mas todas as providências são insuficientes para tirar o país do atoleiro. Há muito mais gastos a serem cortados, a começar pelas mordomias nos três poderes, como cartões corporativos, carros oficiais, jatinhos, auxílio-moradia, cargos de confiança, destinados a abrigar apaniguados dos integrantes de base de apoio parlamentar, e outras que pesam em desfavor do país.
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