Apesar da gravidade
da situação do estado do Rio de Janeiro que levou o presidente Michel Temer a
decretar intervenção, o general Walter Souza Braga Netto, que assume as forças
de segurança no estado, afirmou que a situação não está tão ruim e que há “muita
mídia” sobre o assunto. Depois da entrevista coletiva montada no Palácio do
Planalto para explicar o decreto, quando se encaminhava para o gabinete de
Michel Temer, ele foi perguntado se a situação no Rio estava muito ruim, se
virou fez que não abanando o dedo indicador direito e respondeu: “Muita
mídia”.
O general praticamente não falou durante a entrevista, fez somente breve
declaração inicial dizendo que tinha acabado de chegar em Brasília e que iria
iniciar o planejamento das ações no Rio. Quando teve perguntas direcionadas a
ele, quem respondeu foi o ministro do Gabinete de Segurança Institucional,
Sérgio Etchegoyen. “ Recebi a missão agora, vamos entrar numa fase de
planejamento. Não tem nada que eu possa adiantar, vamos fazer um estudo,
fortalecer a segurança no estado do Rio de Janeiro, somente isso”, afirmando
rapidamente sua fala.
Braga Netto é natural de Belo Horizonte. Comandou o 1º Regimento de
Carros de Combate e foi chefe do Estado-Maior da 5ª Brigada de Cavalaria
Blindada e do Comando Militar do Oeste (CML), segundo o Ministério do Exército.
Durante os Jogos Rio 2016, atuou como coordenador-geral da Assessoria Especial
para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Comando Militar do Leste. Antes de
assumir o CML, era comandante da 1ª Região Militar (Região Marechal Hermes da
Fonseca). Tem 23 condecorações nacionais e quatro estrangeiras.
De acordo com o decreto presidencial, o general interventor assume as
funções do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, na área de segurança e fica
subordinado apenas ao presidente da República. “O interventor poderá
requisitar, se necessário, os recursos financeiros, tecnológicos, estruturais e
humanos do estado do Rio de Janeiro afetos ao objeto e necessários à consecução
do objetivo da intervenção”, define o decreto.
O comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas,
disse que o órgão dará todo o apoio ao general Walter Souza Braga Netto. Em
mensagem no Twitter, porém, Villas Bôas afirmou que os problemas enfrentados
pelo estado vão além da segurança pública e exigem ações mais efetivas. “Os
desafios enfrentados pelo estado do Rio ultrapassam o escopo de segurança
pública, alcançando aspectos financeiros, psicossociais, de gestão e
comportamentais”, escreveu o comandante. “Verifica-se pois a necessidade de uma
honesta e efetiva ação integrada dos poderes federais, estaduais e municipais.”
PEZÃO O governador Luiz Fernando Pezão disse que tinha pedido
inicialmente uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ampliada, mas que foi
convencido de que a intervenção era necessária. Afirmou que não se sente
desconfortável com a medida e que o fato de a segurança estar sob o comando do
general Braga Neto “não nos diminui em nada”. Para ele, o Rio não é a capital
mais violenta do país e que o processo de intervenção não foi feito antes
porque é complexo e o próprio Exército tem cautela em ações como esta.
“Intervenção é experiência, daqui a pouco pode ser pedida no Brasil inteiro”,
afirmou.
O governador rechaçou que a corrupção seja culpada pela crise financeira
no Estado e disse que a queda no preço do petróleo prejudicou as contas do Rio.
“A corrupção tem que ser combatida, mas o déficit do Estado não é devido a
isso”, destacou, reforçando que não é o “culpado do preço do barril de petróleo
ter caído”. “O Rio em uma dependência do petróleo e tivemos uma queda de
receita de 26% nos últimos anos.”
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