Tem muito petista de cara virada para o encontro do partido que começa hoje em São Paulo, com direito às presenças da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, o desagravo que o PT pretende fazer aos condenados no escândalo do mensalão ficará para amanhã, já sem Dilma e Lula no evento. Os próprios mensaleiros, no entanto, contribuem para produzir mais manchetes de jornais sobre o escândalo. Caso, por exemplo, do ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (PT-SP), que usou a tribuna para dizer que é um preso político e para atacar o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, a quem acusou de ter feito um julgamento “seletivo”.
João Paulo Cunha, que lançava a revista A verdade, nada mais que a verdade sobre a Ação Penal 470, fez questão de dizer que não estava se comparando ao líder africano Nelson Mandela. Mas não perdeu a caminhada: “Se Mandela ficou 27 anos (na cadeia), posso suportar um pouco. Não estou me comparando a Mandela”. Ah! Ainda bem.
Em outra ocasião, João Paulo, José Genoino e José Dirceu também foram “homenageados”. Aconteceu no lançamento do livro Lideranças do PT, trajetória e lutas, 1980 a 2013, de um ex-assessor da liderança petista na Casa. Além de repetir os ataques ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, a obra faz questão de classificar a imprensa como “golpista”.
O fato é que tudo isso esconde o verdadeiro risco que corre o PT nas eleições do ano que vem pelo país afora: a economia. A notícia é fresquinha, de ontem. O Brasil teve o pior desempenho de crescimento (foi negativo em 0,5%) entre os países do G-20, de acordo com levantamento da Organização Internacional para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Isso explica as últimas decisões do governo federal na economia, como deixar de pagar a compensação da Lei Kandir este ano.