A campanha eleitoral deste ano esconde uma estrela solitária.
Provavelmente por causa de sua radical coerência. A ex-ministra de Meio
Ambiente e candidata à Presidência da República em 2010, Marina Silva
(ex-PV), no entanto, tem percorrido o país e defendido algumas
candidaturas. Outras, mesmo que a elas seja simpática, rejeita dar apoio
público. Tem suas razões. No Rio de Janeiro, por exemplo, Marina bem
que queria dar uma força ao candidato do PSOL, Marcelo Freixo. Mas se
negou a fazer isso, porque tem uma colega de partido, Aspásia Camargo,
que está atrás nas pesquisas. Freixo agora joga as fichas na ex-senadora
Heloísa Helena, hoje vereadora em Maceió, de seu partido. Não tem tu,
vai tu mesmo para usar o carioquês.
Em Minas, durante
evento sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável, Marina Silva
declarou apoio à candidatura de Durval Ângelo (PT) a prefeito de
Contagem. E ficou nisso. Sobre Belo Horizonte, onde foi a candidata mais
votada para presidente no primeiro turno dois anos atrás, declarou
absoluta neutralidade. E poderia apoiar tanto Patrus Ananias, do PT, de
quem foi colega no ministério do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, quanto Marcio Lacerda (PSB), que tem como companheiro de chapa o
deputado estadual Délio Malheiros, que é do PV.
A
justificativa também é coerente. Marina diz que a eleição em Belo
Horizonte, assim como a de São Paulo, tomou a característica de uma
disputa nacional, envolvendo a presidente Dilma Rousseff de um lado e o
presidenciável tucano, senador Aécio Neves, de outro.
O
Brasil se ressente de políticos que não abrem mão de seus princípios.
Marina Silva é assim. Não é mais do PV, mas ajuda os verdes nos quais
confia. Não é do PSOL, mas sobe no palanque quando não tem outro
companheiro na disputa. Faz campanha eleitoral pelo país afora, mas não
sobe nos palanques apenas por subir.