A massa pode ser grossa ou fina, a critério do freguês. Espalhe a
muçarela e escolha entre presunto e peito de frango desfiado, quem sabe
com catupiry. Acrescente orégano. Leve ao fogo aquecido. Pronto. Daqui a
instantes você pode batizar sua pizza de CPI do Cachoeira, nome
completo da comissão parlamentar mista de inquérito para investigar as
atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira. É essa a sensação que deixou
o depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), dado ontem
no Congresso. Hoje, é dia de outro governador, Agnelo Queiroz (PT),
comparecer para prestar depoimento. Se nada mudar no comportamento dos
nobres deputados e senadores, está configurada a pizza.
O
alerta foi dado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), integrante
de um partido radical que gosta de pôr lenha na fogueira. Seus
comentários, no entanto, fazem pensar. Ele chamou o depoimento de
Perillo de “jogo combinado” e que PT e PMDB foram pouco exigentes com o
tucano, o que inclui o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG).
“Claramente há alguma coisa estranha”, resumiu o senador.
De
fato, basta pensar na agenda desta semana. Já foi dito aqui, mas não
custa repetir. Ontem, alívio para o tucano Marconi Perillo. Hoje,
reciprocidade da oposição com o governador petista Agnelo Queiroz . Por
que o PSDB cumprira o acordo, se Perillo já tinha falado de véspera? Por
causa da agenda. É que a CPI marcou para amanhã a votação de
requerimentos. Entre eles, o que convoca o ex-prefeito e ex-governador
de São Paulo José Serra (PSDB) para depor. Se o acordo não for cumprido,
o troco, a vingança já devidamente agendada. Dá para perceber a
armação?
Difícil é saber se os petistas cumprirão a
palavra, já que darão a último, pelo menos em relação a Serra. E
crescem, cada dia, as suspeitas de que o ex-presidente Lula inventou
esta CPI só para pegar o adversário tucano na briga pela Prefeitura de
São Paulo.