Enterro de Rafael Paulo Nunes Carvalho, 32 anos, em São Caetano do Sul, em SP, uma das vítimas da tragédia de Santa Maria |
Rádios gaúchas replicavam as declarações oficiais de que a corporação
agira rapidamente na retirada de jovens feridos, na contenção das chamas
(depois, veio-se a saber que o fogo em si foi pequeno) e,
principalmente, no entrosamento com as demais forças --polícia, Samu,
Força Aérea e hospitais.
Mas tudo começou a mudar quando, ainda em meio à contagem dos mortos, a
polícia declarou que a inspeção dos bombeiros na boate estava vencida
havia meio ano.
Surgiam, ali, as primeiras dúvidas sobre a corporação, além de uma série
de contradições entre diferentes vozes dos próprios bombeiros.
Seu comandante-geral se adiantou e disse que não havia nada de errado no
local. De acordo com essa primeira versão, a casa noturna Kiss havia
sido vistoriada logo após o alvará ter expirado, em agosto do ano
passado.
"Notificamos os donos, fizemos vistoria e verificamos que os itens mínimos de segurança estavam em dia", disse à Folha o coronel Guido Pedroso de Melo.
"A lei é clara: embora [o alvará dos bombeiros] esteja expirado,
enquanto a renovação estiver tramitando, não é cabível a interdição do
local", completou o coronel.
O alvará dos bombeiros é pré-requisito para que a prefeitura conceda a licença de funcionamento do local.
Essas primeiras declarações do comando dos bombeiros, porém, logo caíram por terra.
Essas primeiras declarações do comando dos bombeiros, porém, logo caíram por terra.
O governo do Estado, ao qual a corporação está subordinada, disse que,
sim, a casa noturna deveria estar fechada. Em seguida o comando militar
gaúcho, também acima dos bombeiros, admitiu que a última vistoria na
Kiss ocorrera em agosto de 2011, e não de 2012, como afirmara no
primeiro momento.
Acuados pelos superiores, os bombeiros se calaram.
Deixaram de responder, por exemplo, se duas portas de emergência, lado a lado, eram de fato suficientes e bem posicionadas. Também não divulgaram o laudo da inspeção realizada na casa em agosto de 2011.
A ação de salvamento dos bombeiros também virou alvo dos advogados dos sócios da boate. Eles chamaram de "desastrosa" a operação, em especial por ter utilizado civis sem treinamento, o que é proibido pelo regimento.
"Deixei que civis ajudassem", revelou à Folha no início da semana o sargento Robson Müller, que comandou o resgate na tragédia.
Um inquérito militar foi instaurado para apurar eventuais irregularidades no resgate e na liberação do prédio, quando da realização da última vistoria, em 2011.
Deixaram de responder, por exemplo, se duas portas de emergência, lado a lado, eram de fato suficientes e bem posicionadas. Também não divulgaram o laudo da inspeção realizada na casa em agosto de 2011.
A ação de salvamento dos bombeiros também virou alvo dos advogados dos sócios da boate. Eles chamaram de "desastrosa" a operação, em especial por ter utilizado civis sem treinamento, o que é proibido pelo regimento.
"Deixei que civis ajudassem", revelou à Folha no início da semana o sargento Robson Müller, que comandou o resgate na tragédia.
Um inquérito militar foi instaurado para apurar eventuais irregularidades no resgate e na liberação do prédio, quando da realização da última vistoria, em 2011.
Fonte: Folha de São Paulo de 03/02/2013
Covardia com os bombeiros!