O mártir Nelson Mandela continuou promovendo atos de paz em seus
funerais. E não são de pouca importância. Antes de subir para discursar,
o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, surpreendeu e, pela
primeira vez em gesto sem precedentes na história dos dois países,
apertou as mãos do presidente de Cuba, Raúl Castro. E chegou a conversar
uns poucos minutos com ele. O gesto foi mostrado pela televisão
sul-africana. Não custa lembrar, desde 1960, Estados Unidos e Cuba vivem
às turras. Na terra de Mandela, um sinal de paz, mais de 50 anos
depois. O site oficial de Cuba fez questão de registrar: “Obama
cumprimenta Raúl: que esta imagem seja o princípio do fim das agressões
dos Estados Unidos a Cuba”.
Obama também foi carinhoso com a
presidente Dilma Rousseff, que estava ao lado de Castro, a quem abraçou a
caminho de usar o microfone para seu discurso – muito aplaudido, aliás.
Talvez seja um pedido de desculpas pela espionagem sofrida pelas
autoridades brasileiras e pela Petrobras, que forçou o cancelamento da
visita oficial de chefe de Estado de Dilma aos EUA, a única que estava
marcada para este ano. O presidente norte-americano estava mesmo
inspirado.
A presidente Dilma Rousseff foi a segunda presidente a
discursar. Não empolgou, cometeu uma pequena gafe, mas também não
decepcionou. A chefe de Estado brasileira classificou Mandela como a
“maior personalidade histórica do século 20”.
É preciso destacar
também que uma imagem vale mais que mil palavras na participação
brasileira nos funerais da África do Sul. A foto com todos os
ex-presidentes juntos antes de embarcarem no avião presidencial é um
momento histórico. Mostra grandeza da política brasileira. Mais vale a
liturgia do cargo que ocuparam do que as divergências partidárias que
possam ter. Uma fotografia para a história do Brasil em dia histórico
para a humanidade.