O governo federal passou com vergonhoso sucesso ontem pelo primeiro grande teste de força no Congresso Nacional, com a aprovação do novo salário mínimo de R$ 545. Mesmo com a previsão de vitória por larga vantagem, usando como moeda de troca o medo e a coação, o Palácio do Planalto colocou sobre a mesa praticamente todas as cartas disponíveis para enquadrar a base aliada. Ameaças de retaliações a aliados, nomeações do segundo escalão em pauta e até a presença do vice-presidente da República, Michel Temer, para laçar o PMDB, foram algumas das estratégias empregadas pelo Planalto para garantir a aprovação do piso sem sustos, em sessão que durou mais de nove horas.
A demonstração de força (melhor dizer fraqueza!) da caneta presidencial sobre o Parlamento teve o primeiro ato com o anúncio de que a bancada do PDT não fecharia questão em torno do mínimo de R$ 560, articulado pelas centrais sindicais. Atendendo a apelo do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado da legenda, os parlamentares estavam, nas últimas semanas, divididos entre a proposta governista e a sindical, sustentada também pela oposição. Lupi chegou a ser enquadrado pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff e teve de se colocar na linha de frente em defesa do piso governista. Ligou para todos os deputados e determinou aos irredutíveis que não criassem embaraços para o governo. Acabou dissuadindo os correligionários e ganhou pontos com o Planalto.
Os parlamentares que no apagar das luzes, dobraram seus salários, em dezembro, mais uma vez demostram que querem que o povo se exploda!