O mau humor do mercado financeiro deixa claro que a presidente
Dilma Rousseff (PT), mesmo cansada com a maratona da apertada disputa
pela reeleição, não pode demorar a tomar algumas providências para
acalmar os investidores e frear a instabilidade. Enquanto as
especulações fervem, o quase ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega,
prefere dizer que a eleição mostra que a população aprova a economia.
Não é bem assim.
São sensatas as palavras do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito: “A Dilma precisaria admitir que há erros na condução da política econômica e que quer mudar. Para fazer isso de forma organizada, o ideal seria, ainda nesta semana, anunciar um governo de transição dela mesma e indicar seu novo ministro da Fazenda”.
Os atuais indicadores econômicos não são nada confortáveis para o governo. O crescimento tende a ser zero, ou perto disso. As grandes montadoras de veículos já estão dando férias coletivas fora de época para boa parte de seus funcionários. É melhor nem falar do ovo, que tanta polêmica deu na campanha eleitoral, mas o carrinho de supermercado com o mesmo dinheiro de antes está cada vez mais vazio, mesmo com o consumidor trocando produtos para marcas mais baratas. É essa a realidade.
Com o sonho da reeleição realizado, Dilma precisa voltar a ser gerente do governo, anunciando a nova equipe econômica o quanto antes. Afinal, há más notícias por vir, como a correção dos preços da energia elétrica – ainda mais com as termelétricas a todo o vapor por causa da estiagem – e dos combustíveis.
Com o fim da disputa, é hora de a presidente e seus ministros se sentarem em suas cadeiras para retomar uma condução mais eficiente para a economia brasileira. Só que Dilma anunciou a um grupo de petistas que pretende descansar alguns dias “para repensar o Brasil”. Quando voltar ao trabalho, poderá ser tarde demais.