segunda-feira, 4 de abril de 2011
Amor bandido
Escaldado com o tratamento que vem recebendo do PT e um tanto frustrado com as sucessivas discussões nas reuniões com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, o PMDB se mostra decidido a construir um plano B para o seu futuro. Bem feito, partido do tipo colcha de retalho, merece isso mesmo! E a iniciativa começa a ser colocada em prática já, com duas ações simultâneas: tentar reformar a imagem de que os peemedebistas só pensam em cargos e, ao mesmo tempo promover uma campanha por novas filiações, que permitam ao partido caminhar separado do PT nas eleições de 2012. Vai adiantar nadica de nada...
Nos bastidores, a maioria dos diretórios foi orientada a não se esforçar em repetir a aliança com os petistas. Nas conversas mais reservadas, a justificativa que a cúpula tem apresentado aos municípios para a atitude é a de que o PT “gosta de ser apoiado, mas não gosta de apoiar”. Só não contaram para o PMDB. Bem feito outra vez. Por isso, a ordem é enfrentar o PT nas urnas e mostrar que é maior ou tão grande quanto e que também é capaz de ter propostas.
Um dos focos do PMDB em busca de novos filiados é justamente São Paulo. Lá, os petistas fizeram de tudo para afastar Gilberto Kassab do partido. Conseguiram. Mas, de acordo com o presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), mais de 300 líderes de municípios paulistas deixaram siglas de origem rumo ao partido. “Estamos em uma cruzada, uma campanha nacional. Orientamos o diretório para fazer novas filiações de lideranças com vistas nas eleições de 2012. Não podemos obrigar, mas a preferência é por candidaturas próprias. O partido está sendo bastante procurado”, afirma Raupp.
Nessa cruzada para que o PMDB ganhe autonomia com vistas a valorizar o próprio passe em 2014, Raupp conta com o vice-presidente Michel Temer. O segundo na linha sucessória se colocou à disposição do partido para ajudar nessa atração. Em breve, ele deve se reunir com o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, atualmente filiado ao PSB. “Vamos marcar um encontro, Skaf, Temer e eu. Ele demonstrou interesse de vir para o PMDB”, conta o presidente do partido.
Em suas reuniões mais fechadas, o PMDB concluiu que só crescer e arregimentar novos filiados não resolverá o problema do partido. É preciso “limpar a biografia” desgastada com as notícias que saem frequentemente envolvendo líderes do partido em escândalos. Nos últimos 10 anos, praticamente todos os senadores que comandaram o partido tiveram de dar explicações, a começar pelo presidente da Casa, José Sarney, e pelo líder da bancada, Renan Calheiros (ambos fina flor da ralé...). As pesquisas internas que o partido tem feito para avaliar como anda a imagem revelam que, aliada à importância histórica de ter sido fundamental para o processo de redemocratização, a cara do PMDB hoje é de um agrupamento em busca de cargos em qualquer governo. E a avaliação geral é a de que essa fórmula está com o prazo de validade vencido.
Mas, ao contrário do antigo PFL, que mudou de nome e entregou seu comando à ala jovem, a cúpula do PMDB decidiu ela mesma tentar empreender essa mudança. O partido montou cursos de gestão pública nos municípios para seu novos filiados. Do ponto de vista político, houve uma divisão de tarefas. Enquanto Renan e o líder Henrique Eduardo Alves cuidam da relação com o governo — leia-se cargos — grupos de parlamentares reúnem-se para cuidar de bandeiras que o PMDB possa empunhar no futuro. Como vice-presidente da Câmara, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) tem feito esse trabalho.
No Senado, um G5 trabalha no mesmo sentido. O grupo é formado por Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE), Luiz Henrique (SC), Cacildo Maldaner (SC) e Roberto Requião (PR). A ideia é ampliar essa parcela e construir uma ala mais independente do governo, que possa refrigerar o partido, não para colocar a faca no pescoço de Dilma Rousseff e discutir cargos, mas para pensar o futuro. Recentemente, parte desse grupo foi ao gabinete de Temer. Lá, a conclusão foi uma: ou o PMDB se reinventa e constrói bandeiras e pontes com a população, ou será tragado. E, de partidos em frangalhos, avaliam os peemedebistas, já basta o DEM.
O PMDB quer sair maior das eleições municipais, ampliando o número de prefeituras de 1.160 para 1.200. Também está nos planos dobrar o número de capitais sob o seu comando, das atuais quatro para oito. As câmaras municipais também estão na mira. De acordo com Raupp, o partido tem 8.500 vereadores e pretende chegar ao patamar de 10 mil.
Enfim, estamos diante de briga de puta em zona pra ver quem manda mais...
Colégio terá que indenizar família por bullying praticado contra aluna
Responsabilidade
O TJ/RJ confirmou a decisão da primeira instância que condenava a Sociedade de Ensino e Beneficiência Nossa Senhora da Piedade a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 35 mil à família de uma ex-aluna. A estudante, representada por seus pais E.B. e R.A., entrou com ação contra a escola na 7ª vara Cível do Méier, na zona norte do RJ, relatando que desde o início de março de 2003 vinha sofrendo agressões físicas e verbais por parte de colegas de classe.
Segundo os autos, a autora, à época com sete anos de idade, foi vítima de bullying. Dentre as agressões, alega que teria sido espetada na cabeça com um lápis, arrastada, sofrido arranhões, além de socos, chutes, gritos no ouvido, palavrões e xingamentos. A autora afirmou ainda que "outras crianças da escola também sofreram agressões e que um grupo de mães entregou um oficio à vice-diretora da escola solicitando providências, mas não houve resposta pedagógica ao problema".
Por causa do ocorrido, a criança teria adquirido fobia de ir à escola, passou a ter insônia, terror noturno e sintomas psicossomáticos, como enxaqueca e dores abdominais, tendo que se submeter a tratamento com antidepressivos e, no fim do ano letivo, mudou de escola.
A entidade de ensino defendeu-se alegando que o colégio "não ficou inerte ante as reclamações e que tomou todas as medidas pedagógicas que o caso mereceu". Porém, não entendeu ser conveniente o afastamento dos alunos da escola, sendo os mesmos acompanhados por psicólogos, bem como os responsáveis chamados ao colégio. Documentos comprovam reclamações formuladas não só pelos pais da menina como de outros alunos, que também sofriam o bullying.
O desembargador Ademir Paulo Pimentel, relator do processo, afirmou que "os fatos relatados e provados fogem da normalidade e não podem ser tratados como simples desentendimentos entre alunos". Estando configurado o dano moral e a responsabilidade da escola, que detém o dever de manutenção da integridade física e psíquica de seus alunos, a 13ª Câmara Cível, por unanimidade de votos, acordou em negar os recursos, o agravo retido e a apelação.
Processo : 0003372-37.2005.8.19.0208
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