Lembre-se que, na crise de 2008, o país suportou o trauma com muito consumo interno. Esta foi a receita de Lula. Que deu certo. E agora? Teremos grana para continuar a consumir a torto e a direito. O ministro Guido Mantega começa a bater na tecla: o consumidor deve ter cuidado. Precisa controlar o consumo. Poupar. Fazer reservas para enfrentar tempos de vacas magras. Portanto, a alternativa para enfrentar a crise, pelo que se infere, já não comporta os mesmos ingredientes do passado. Mesmo assim, as perspectivas apontam para um país que não sofrerá tanto quanto outros os danos irreparáveis de um tsunami.
Porém...
Menos dinheiro no bolso poderá significar estômago mais apertado. Sensação de fome. Que causa raiva, indignação, contrariedade. Vamos aos que interessa: o caminho do voto. E a rota é esta: o voto entra pelo bolso, espalha-se pelo estômago em forma de alimento para sustentar o corpo, sobe ao coração (quando gera emoção) e, por último, pega o elevador para chegar à cabeça. O coração dará um voto de agradecimento quando o bolso puder pagar a conta do alimento. Ou dará uma banana de repulsa a certos candidatos quando o bolso estiver vazio. Este processo se consolida no estágio da cabeça, quando o eleitor disseca todas as possibilidades, analisa, julga, e acaba tomando a decisão (racional) de votar em quem representará sua esperança.