A presidente Dilma Rousseff, até por causa de seu temperamento, está
tendo dificuldade de administrar o condomínio de 513 apartamentos na
Câmara dos Deputados e o anexo com mais 81 apartamentos no Senado. O
problema é que ela ainda não conseguiu um síndico, ou melhor, uma
síndica para cuidar das desavenças entre o Executivo e o Legislativo. A
taxa, nesse caso, não é cobrada pelo prédio. São os condôminos que
cobram, em forma de emendas parlamentares, de bancada e de obras para
seus currais eleitorais. Nada disso está acontecendo. Sem um síndico à
altura – não é à toa que se fala no ministro da Educação, Aloizio
Mercadante (PT-SP), para assumir essa função – a própria presidente teve
que se sentar à mesa e servir um cafezinho aos caciques do PMDB.
Dilma
tem maioria assegurada no Congresso, mas a rebeldia dos aliados anda
impondo derrotas amargas ao governo. Além disso, as eleições do ano que
vem já entraram na pauta do dia e complicam ainda mais a situação. Com
um quadro que inclui o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), os atuais partidos aliados podem sair
rachados – no PMDB é certo – ou estarem do outro lado. Portanto, não há
tempo a perder. Não foi à toa que a presidente mandou chamar os
comandantes peemedebistas para a conversa de ontem, que, certamente, não
foi conclusiva, foi apenas um primeiro passo.
Até mesmo em seu
partido, o PT, Dilma sofre resistência velada. É saudade enrustida que
deputados e senadores petistas têm do jeito Lula de ser. O ex-presidente
se envolvia mais, fazia carinho nos parlamentares mesmo quando tinha de
dizer não. Não é esse o estilo de Dilma, uma gerente que preza mais a
boa administração pública do que as picuinhas da política. O problema é
que, se não houver um meio-termo entre as duas coisas, os congressistas
podem atrapalhar a boa gestão. Ainda não é um xeque-mate, mas é preciso
pôr os ministros bispos a postos para proteger a rainha.