Famílias começam a deixar seus barracos no maior conjunto de favelas de BH para fugir das ameaças de maus policiais e de traficantes. Deputados pedem a extinção do Rotam
Novas denúncias envolvendo a atuação miliciana de PMs aumentam a hostilidade entre parte da polícia e moradores do alto do Aglomerado da Serra e, amedrontadas, famílias decidem descer o morro em busca de proteção. Preocupados com telefonemas anônimos ameaçadores, passados três dias da execução do adolescente e auxiliar de padeiro Jeferson Coelho da Silva, de 17 anos, e de seu tio e enfermeiro Renilson Veriano da Silva, de 39, moradores decidem ir para a casa de parentes, distante do aglomerado, em busca de segurança até a poeira baixar e a rotina voltar ao normal.
Agressão a crianças e adultos, recebimento de vantagens indevidas, conivência com o tráfico de drogas, aliciamento de ex-presos, truculência nas abordagens, suspeita de execuções e até envolvimento com esquema de caça-níqueis. A lista de denúncias contra os maus policiais a ser investigada, já extensa, aumenta a cada dia, revelando o comportamento nada compatível com as funções de um agente da lei. As acusações levaram ontem a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de MG, e especialistas em segurança pública a pedir a extinção do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), ao qual pertencem os militares apontados como autores da execução dos dois trabalhadores.
Apesar da presença constante de mais de 100 PMs nas ruas e becos do maior conjunto de favelas de Belo Horizonte, a população, ainda assim, se sente acuada e tem medo de represálias tanto por parte de traficantes quanto de militares envolvidos no esquema de milícia.
A situação do líder comunitário Paulo (nome fictício) é ainda mais grave. Depois de denunciar todo o esquema de formação de milícia no morro, ele recebeu dois telefonemas ameaçadores e decidiu passar uns dias na casa da mãe, até o clima amenizar. “Eles não vão deixar barato, mas é preciso enfrentar, mesmo com o medo.” Ele diz ainda que, se passar uma noite em casa no aglomerado, tem medo de ser assassinado. Ele foi um dos que, na noite de domingo, ouviram policiais do Rotam passar por ruas do morro gritando com fuzil na mão: “Quem abrir a boca vai morrer. Nós vamos matar mesmo’”.
Duas novas denúncias relatadas por moradores às autoridades é que PMs comandariam o esquema de exploração de máquinas caça-níqueis e, sob ameaças, aliciavam jovens recém-libertados da prisão para envolvê-los no tráfico de drogas. Quanto às máquinas de jogo eletrônico, a denúncia foi feita à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia e policiais seriam donos dos caça-níqueis instalados em bares do aglomerado.
APELIDOS Entre os policiais investigados estão dois identificados só por apelidos: os PMs Cabeça de Repolho e Pica-pau – o primeiro, inclusive, seria chefe de uma boca de fumo no Alto Vera Cruz. Os dois estariam diretamente envolvidos no esquema de milícia no morro, denúncia em apuração na Ouvidoria de Polícia de Minas Gerais. “Identificamos três pessoas apelidadas de Repolho na PM em três batalhões da capital. Por isso, devemos investigar um pouco mais para não pegarmos um inocente. Mas não é muito complicado”, afirmou o coronel Antônio Pereira Carvalho, chefe do Comando de Policiamento Especializado (CPE). A facilidade se dá porque um deles está lotado no 22º Batalhão – os outros dois estão no 16º e no 1º –, este responsável pelo patrulhamento na região. Além disso, Repolho andaria a tiracolo com um comparsa da PM identificado como Lázaro, o que também é confirmado por Carvalho. Outro investigado é conhecido como Leocádio.
O que dificulta a identificação dos policiais é que, muitas vezes, para subir os morros eles tiram da farda a tarja com seus nomes e, assim, passam a ser chamados pelos moradoresapor apelidos.
Agressão a crianças e adultos, recebimento de vantagens indevidas, conivência com o tráfico de drogas, aliciamento de ex-presos, truculência nas abordagens, suspeita de execuções e até envolvimento com esquema de caça-níqueis. A lista de denúncias contra os maus policiais a ser investigada, já extensa, aumenta a cada dia, revelando o comportamento nada compatível com as funções de um agente da lei. As acusações levaram ontem a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de MG, e especialistas em segurança pública a pedir a extinção do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam), ao qual pertencem os militares apontados como autores da execução dos dois trabalhadores.
Apesar da presença constante de mais de 100 PMs nas ruas e becos do maior conjunto de favelas de Belo Horizonte, a população, ainda assim, se sente acuada e tem medo de represálias tanto por parte de traficantes quanto de militares envolvidos no esquema de milícia.
A situação do líder comunitário Paulo (nome fictício) é ainda mais grave. Depois de denunciar todo o esquema de formação de milícia no morro, ele recebeu dois telefonemas ameaçadores e decidiu passar uns dias na casa da mãe, até o clima amenizar. “Eles não vão deixar barato, mas é preciso enfrentar, mesmo com o medo.” Ele diz ainda que, se passar uma noite em casa no aglomerado, tem medo de ser assassinado. Ele foi um dos que, na noite de domingo, ouviram policiais do Rotam passar por ruas do morro gritando com fuzil na mão: “Quem abrir a boca vai morrer. Nós vamos matar mesmo’”.
Duas novas denúncias relatadas por moradores às autoridades é que PMs comandariam o esquema de exploração de máquinas caça-níqueis e, sob ameaças, aliciavam jovens recém-libertados da prisão para envolvê-los no tráfico de drogas. Quanto às máquinas de jogo eletrônico, a denúncia foi feita à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia e policiais seriam donos dos caça-níqueis instalados em bares do aglomerado.
APELIDOS Entre os policiais investigados estão dois identificados só por apelidos: os PMs Cabeça de Repolho e Pica-pau – o primeiro, inclusive, seria chefe de uma boca de fumo no Alto Vera Cruz. Os dois estariam diretamente envolvidos no esquema de milícia no morro, denúncia em apuração na Ouvidoria de Polícia de Minas Gerais. “Identificamos três pessoas apelidadas de Repolho na PM em três batalhões da capital. Por isso, devemos investigar um pouco mais para não pegarmos um inocente. Mas não é muito complicado”, afirmou o coronel Antônio Pereira Carvalho, chefe do Comando de Policiamento Especializado (CPE). A facilidade se dá porque um deles está lotado no 22º Batalhão – os outros dois estão no 16º e no 1º –, este responsável pelo patrulhamento na região. Além disso, Repolho andaria a tiracolo com um comparsa da PM identificado como Lázaro, o que também é confirmado por Carvalho. Outro investigado é conhecido como Leocádio.
O que dificulta a identificação dos policiais é que, muitas vezes, para subir os morros eles tiram da farda a tarja com seus nomes e, assim, passam a ser chamados pelos moradoresapor apelidos.
Moral da história: O crime organizado só sobrevive porque o Estado anda de mãos dadas com ele.