Quando o assunto é Petrobras, no momento, não jorra petróleo. Jorram
trapalhadas e tentativas de controlar as das Comissões Parlamentares de
Inquérito, uma no Senado e outra mista instaladas para averiguar os
prejuízos com o mau negócio da compra da refinaria de Pasadena, nos
Estados Unidos. O curioso é que a empresa petrolífera sai do olho do
furacão e é substituída pelos parlamentares governistas que combinaram
depoimentos e até permitiram que os convocados treinassem as respostas.
Presidente da CPI do Senado, Vital do Rêgo (PMDB-PB) acionou a Polícia Federal para investigar as denúncias de fraude. E olha que peixes graúdos estão envolvidos. Entre os que tiveram o privilégio de conhecer de antemão as perguntas que seriam feitas estão a presidente da Petrobras, Graça Foster, o ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró. Se nada há a esconder, por que então tanto cuidado e tanta preocupação com os rumos da CPI? A resposta pode estar na campanha eleitoral. É que toda a confusão aconteceu quando a presidente Dilma presidia, como ministra da Casa Civil, o Conselho Administrativo da Petrobras. E também aprovou toda a negociação.
É claro que a oposição não perdeu tempo. Acionou a Procuradoria da República no Distrito Federal, pedindo a abertura de investigação do que chamam de “fraude”. Coordenador da área jurídica da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) soltou o verbo: “É inconcebível a participação de servidores e senadores nesta farsa para beneficiar a presidente Dilma”.
Era tudo o que o Palácio do Planalto não queria. As eleições vinham em banho-maria, um ataque aqui, uma denúncia ali. Pelo jeito, agora, com o envolvimento da Petrobras e tantas coisas mal explicadas, ganha combustível para pegar fogo e ficar cada vez mais explosiva. Os palanques correm o risco de queimar.