Escute o que dizia o ex-governador Brizola sobre urnas eletrônicas.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Quando é que a presidenta Anta volta a trabalhar?
O mau humor do mercado financeiro deixa claro que a presidente
Dilma Rousseff (PT), mesmo cansada com a maratona da apertada disputa
pela reeleição, não pode demorar a tomar algumas providências para
acalmar os investidores e frear a instabilidade. Enquanto as
especulações fervem, o quase ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega,
prefere dizer que a eleição mostra que a população aprova a economia.
Não é bem assim.
São sensatas as palavras do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito: “A Dilma precisaria admitir que há erros na condução da política econômica e que quer mudar. Para fazer isso de forma organizada, o ideal seria, ainda nesta semana, anunciar um governo de transição dela mesma e indicar seu novo ministro da Fazenda”.
Os atuais indicadores econômicos não são nada confortáveis para o governo. O crescimento tende a ser zero, ou perto disso. As grandes montadoras de veículos já estão dando férias coletivas fora de época para boa parte de seus funcionários. É melhor nem falar do ovo, que tanta polêmica deu na campanha eleitoral, mas o carrinho de supermercado com o mesmo dinheiro de antes está cada vez mais vazio, mesmo com o consumidor trocando produtos para marcas mais baratas. É essa a realidade.
Com o sonho da reeleição realizado, Dilma precisa voltar a ser gerente do governo, anunciando a nova equipe econômica o quanto antes. Afinal, há más notícias por vir, como a correção dos preços da energia elétrica – ainda mais com as termelétricas a todo o vapor por causa da estiagem – e dos combustíveis.
Com o fim da disputa, é hora de a presidente e seus ministros se sentarem em suas cadeiras para retomar uma condução mais eficiente para a economia brasileira. Só que Dilma anunciou a um grupo de petistas que pretende descansar alguns dias “para repensar o Brasil”. Quando voltar ao trabalho, poderá ser tarde demais.
sábado, 25 de outubro de 2014
Falsas estatísticas
Especialistas em estatística condenam a metodologia usada pelos
institutos de pesquisa, o que pode explicar, pelo menos em parte, a
grande quantidade de erros que eles cometeram no primeiro turno das
eleições, tanto nas estaduais quanto na batalha pelo Palácio do
Planalto, quando o senador Aécio Neves (PSDB-MG) chegou a um patamar bem
mais alto do que elas projetavam.
A maioria dos institutos está
fazendo pesquisas consultando eleitores nas ruas e não mais a pesquisa
domiciliar, que daria mais segurança nos índices apurados. Um cientista
político traduz bem esta questão. Ele diz que na rua, na padaria, no
ponto de ônibus são encontrados os eleitores de menor renda. Afinal, o
eleitor de classe média e de maior renda, que prefere o voto em Aécio
Neves, por exemplo, muitas vezes está de carro, não tem como ser
abordado.
Outro alerta é sobre o sorteio aleatório por municípios e estados. Muitas vezes, eles podem gerar distorções que atrapalham o resultado final da pesquisa. Pode ocorrer, em alguns casos, como alerta outro estatístico, que não há garantia de a pesquisa ser feita em todos os estados. Alguns podem ficar de fora. É claro não seria em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul.
Com isso, fica difícil entender como Aécio está empatado com Dilma Roussef no Sul, como indica o Ibope. Afinal, pode haver empate no Rio Grande do Sul. Como não há pesquisas disponíveis no Paraná e em Santa Catarina, vamos aos números do primeiro turno: os paranaenses deram 49,7% dos votos a Aécio, contra 32,5% a Dilma. E entre os catarinenses o placar foi de 52,89% a 30,76%. São números que falam por si.
Outro alerta é sobre o sorteio aleatório por municípios e estados. Muitas vezes, eles podem gerar distorções que atrapalham o resultado final da pesquisa. Pode ocorrer, em alguns casos, como alerta outro estatístico, que não há garantia de a pesquisa ser feita em todos os estados. Alguns podem ficar de fora. É claro não seria em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul.
Com isso, fica difícil entender como Aécio está empatado com Dilma Roussef no Sul, como indica o Ibope. Afinal, pode haver empate no Rio Grande do Sul. Como não há pesquisas disponíveis no Paraná e em Santa Catarina, vamos aos números do primeiro turno: os paranaenses deram 49,7% dos votos a Aécio, contra 32,5% a Dilma. E entre os catarinenses o placar foi de 52,89% a 30,76%. São números que falam por si.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Lula, Herodes e os filhos de Campos
O que incomoda tanto a cúpula petista nesta reta final da campanha
para destilar tanto ódio e distribuir tantas agressões? “Não vamos
deixar nenhuma pena de tucano presa por aí. Vamos deixar elas
espalhadas”, discursou, em Recife, a presidente Dilma Rousseff (PT), no
papel de candidata à reeleição. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) apelou de vez. Foi de Herodes aos nazistas para acusar os
tucanos de serem contra os nordestinos. É a tática de que uma mentira
dita mil vezes pode acabar virando verdade. Mas o eleitor brasileiro já
não é assim tão bobo.
O pior é que tudo isso aconteceu em
Pernambuco, terra do saudoso governador Eduardo Campos (PSB), morto em
queda de avião durante a campanha eleitoral. E Lula citar Herodes, não
se sabe se de propósito, é um desrespeito à família de Campos.
Uma
agressão à viúva Renata Campos e aos cinco filhos, sendo dois bebês, e
em especial a João Henrique Campos, que faz campanha para o senador
Aécio Neves (PSDB-MG) e certamente será o sucessor do pai na seara
política, porque tem talento. Falar em Herodes, que lavou as mãos e
levou João Batista e Jesus Cristo à morte, na terra de uma recém-viúva,
mãe de dois bebês, é... Melhor nem comentar.
A campanha eleitoral
mais atípica da história tomou rumos que os brasileiros não merecem. Até
porque os eleitores estão dando sinais claros de que querem mudanças na
forma de os políticos pedirem votos, em especial nas eleições
majoritárias. A desconstrução de Marina pela presidente Dilma Rousseff
(PT) acendeu o sinal amarelo na cabeça da maioria do eleitorado.
O que acontecerá até domingo, quando as urnas forem fechadas? Mais agressões ou um mínimo de civilidade política?
domingo, 19 de outubro de 2014
Dilma agora assume corrupção na Petrobras
Faltando sete dias para as eleições, a presidente Dilma Rousseff (PT)
admitiu pela primeira vez que houve desvio de recursos na Petrobras. "Se
houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve,
não; houve, viu?", afirmou, em coletiva de imprensa, no Palácio do
Alvorada. A candidata à reeleição afirmou que fará “todo o possível”
pelo ressarcimento do dinheiro que saiu dos cofres da estatal, como
revelaram depoimentos do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa
e do doleiro Alberto Youssef.
Até a reta final da campanha, Dilma não havia reconhecido de maneira taxativa as irregularidades na Petrobras. A presidente relativizava e até colocava em dúvida os depoimentos de Paulo Roberto Costa, reclamando de vazamentos seletivos e pedindo acesso à delação premiada que está no Supremo Tribunal Federal (STF). No último debate presidencial, na quinta-feira, a petista questionou o adversário, Aécio Neves (PSDB), sobre uma denúncia de Costa segundo a qual o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em março deste ano, recebeu propina para esvaziar uma CPI da estatal em 2009. Aécio aproveitou para enfatizar que aquele era o primeiro momento em que a presidente conferia credibilidade ao depoimento do ex-diretor.
A declaração de Dilma, na tarde de ontem, também contraria o que pregava seu partido. Tão logo as denúncias sobre a propina na Petrobras vieram à tona, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, classificou-as como “calúnias”. Em 9 de outubro, ele divulgou uma nota em que afirmou: “O PT repudia com veemência e indignação as declarações caluniosas do réu Paulo Roberto Costa”. “Todas as doações para o Partido dos Trabalhadores seguem as normas legais e são registradas na Justiça Eleitoral”, diz trecho da nota. Ainda de acordo com o texto, a direção nacional do PT “estranha” a repetição de vazamentos de depoimentos no Judiciário, “tanto mais quando se trata de acusações sem provas”. Na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva resumiu o seu sentimento em relação às denúncias relacionadas à Petrobras. Afirmou que estava “de saco cheio de denúncia”.
Tanto Costa quanto Yousseff revelaram em depoimentos à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal, com quem firmaram um acordo de delação premiada, que contratos da estatal eram superfaturados com a finalidade de pagar propina a partidos e políticos, além de financiar a campanha eleitoral de 2010. O Estado de Minas ouviu, ao longo da semana, juristas que garantem a legitimidade do recurso usado pelos delatores.
A presidente afirmou que é preciso esperar a conclusão da ação judicial para saber exatamente quanto deverá ser ressarcido. “Daqui para frente, a não ser que eu seja informada pelo Ministério Público ou pelo juiz, eu não tenho medida nenhuma a tomar. Não é o presidente quem processa. Eu tomarei todas as medidas para ressarcir tudo e todos. Mas ninguém sabe hoje ainda o que deve ser ressarcido. A chamada delação premiada, onde tem os dados mais importantes, não foi entregue a nós. Até eu pedi. Pedi tanto para o Ministério Público quanto ao ministro do Supremo, que disseram ser sigiloso”, disse.
A Petrobras informou, na sexta-feira, que criou comissões internas para “averiguar indícios ou fatos contra a empresa” relacionados às denúncias da Operação Lava a Jato, e que está estudando medidas jurídicas para ser ressarcida pelos danos sofridos. As afirmações estão em um comunicado enviado pela empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em resposta a um pedido de esclarecimento feito pela autarquia por conta das notícias publicadas nos últimos dias sobre o assunto.
Os dois delatores apontaram beneficiários do esquema tanto na base de apoio a Dilma (PT, PMDB e PP), quanto no PSDB. Ela comentou sobre a inclusão, pelo ex-diretor da Petrobras, do nome do ex-presidente da legenda tucana Sérgio Guerra entre políticos que receberam dinheiro desviado da Petrobras. “Eu não acho que alguém no Brasil tenha a primazia da bandeira da ética. Até o retrospecto do PSDB não lhe dá essa condição. Acho que não dá a partido nenhum. Todos os integrantes de partido, qualquer um, que tenham cometido crime, delito, malfeito têm de pagar por isso”, afirmou Dilma.
Até a reta final da campanha, Dilma não havia reconhecido de maneira taxativa as irregularidades na Petrobras. A presidente relativizava e até colocava em dúvida os depoimentos de Paulo Roberto Costa, reclamando de vazamentos seletivos e pedindo acesso à delação premiada que está no Supremo Tribunal Federal (STF). No último debate presidencial, na quinta-feira, a petista questionou o adversário, Aécio Neves (PSDB), sobre uma denúncia de Costa segundo a qual o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em março deste ano, recebeu propina para esvaziar uma CPI da estatal em 2009. Aécio aproveitou para enfatizar que aquele era o primeiro momento em que a presidente conferia credibilidade ao depoimento do ex-diretor.
A declaração de Dilma, na tarde de ontem, também contraria o que pregava seu partido. Tão logo as denúncias sobre a propina na Petrobras vieram à tona, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, classificou-as como “calúnias”. Em 9 de outubro, ele divulgou uma nota em que afirmou: “O PT repudia com veemência e indignação as declarações caluniosas do réu Paulo Roberto Costa”. “Todas as doações para o Partido dos Trabalhadores seguem as normas legais e são registradas na Justiça Eleitoral”, diz trecho da nota. Ainda de acordo com o texto, a direção nacional do PT “estranha” a repetição de vazamentos de depoimentos no Judiciário, “tanto mais quando se trata de acusações sem provas”. Na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva resumiu o seu sentimento em relação às denúncias relacionadas à Petrobras. Afirmou que estava “de saco cheio de denúncia”.
Tanto Costa quanto Yousseff revelaram em depoimentos à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal, com quem firmaram um acordo de delação premiada, que contratos da estatal eram superfaturados com a finalidade de pagar propina a partidos e políticos, além de financiar a campanha eleitoral de 2010. O Estado de Minas ouviu, ao longo da semana, juristas que garantem a legitimidade do recurso usado pelos delatores.
A presidente afirmou que é preciso esperar a conclusão da ação judicial para saber exatamente quanto deverá ser ressarcido. “Daqui para frente, a não ser que eu seja informada pelo Ministério Público ou pelo juiz, eu não tenho medida nenhuma a tomar. Não é o presidente quem processa. Eu tomarei todas as medidas para ressarcir tudo e todos. Mas ninguém sabe hoje ainda o que deve ser ressarcido. A chamada delação premiada, onde tem os dados mais importantes, não foi entregue a nós. Até eu pedi. Pedi tanto para o Ministério Público quanto ao ministro do Supremo, que disseram ser sigiloso”, disse.
A Petrobras informou, na sexta-feira, que criou comissões internas para “averiguar indícios ou fatos contra a empresa” relacionados às denúncias da Operação Lava a Jato, e que está estudando medidas jurídicas para ser ressarcida pelos danos sofridos. As afirmações estão em um comunicado enviado pela empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em resposta a um pedido de esclarecimento feito pela autarquia por conta das notícias publicadas nos últimos dias sobre o assunto.
Os dois delatores apontaram beneficiários do esquema tanto na base de apoio a Dilma (PT, PMDB e PP), quanto no PSDB. Ela comentou sobre a inclusão, pelo ex-diretor da Petrobras, do nome do ex-presidente da legenda tucana Sérgio Guerra entre políticos que receberam dinheiro desviado da Petrobras. “Eu não acho que alguém no Brasil tenha a primazia da bandeira da ética. Até o retrospecto do PSDB não lhe dá essa condição. Acho que não dá a partido nenhum. Todos os integrantes de partido, qualquer um, que tenham cometido crime, delito, malfeito têm de pagar por isso”, afirmou Dilma.
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Convicções ou palavras ao leo
Com amigos como o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência
da República, Gilberto Carvalho, a presidente Dilma Rousseff (PT),
candidata à reeleição, não precisa de inimigos. Em Pernambuco, Carvalho
deu forte declaração sobre a atual situação eleitoral: “Atravessamos um
momento delicadíssimo em nossa campanha. Plantou-se um ódio enorme
contra nós. Não sei o que foi aquilo. Em São Paulo, estava muito difícil
andar com o broche ou a bandeira de Dilma. Em Brasília, a cidade estava
amarela, sem vermelho”.
Gilberto Carvalho participava de uma
“plenária”, como os petistas chamam, com diversas entidades que apoiam a
presidente Dilma. Difícil saber se ele estava tentando mobilizar os
aliados ou fazendo mesmo um desabafo. Afinal, ele continua o discurso:
“O ódio tem sido construído com a gente sendo chamado de ladrão. Estamos
sendo chamados de petralhas, que assaltaram o governo”. Tanta
sinceridade assim é melhor deixar sem comentários.
Talvez por
causa de um sentimento como este, a campanha da presidente Dilma tem
elevado o tom das críticas ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Enquanto as
pesquisas deixam o eleitor desnorteado, os programas em cadeia
obrigatória de rádio e televisão ficam mais agressivos. Será que é isso o
que querem os eleitores?
Outro aspecto importante são as
pesquisas eleitorais. Elas continuam discrepantes. Talvez por isso a
disputa pelos votos de Marina Silva (PSB), que anunciou apoio a Aécio e
vai participar da campanha, ganhou tanta importância na estratégia da
petista. Se migrarem para seu concorrente, recuperá-los será uma tarefa
hercúlea. Até porque, Marina foi o alvo preferencial de Dilma no
primeiro turno. E hoje a campanha petista admite que foi um erro
político. Meio tarde demais.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
Um magistrado honrado: Celso Fernando Karsburg
O juiz do Trabalho Celso Fernando Karsburg, de Santa Cruz do Sul
(RS), renunciou publicamente ao recebimento do auxílio-moradia por
considerar essa gratificação “imoral, indecente e antiética”.
A decisão foi anunciada em artigo que o magistrado do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região publicou no jornal “Gazeta do Sul“, no dia 1º de outubro, pouco depois de formalmente informar à Corte que não aceitará receber esse dinheiro.
Leia a íntegra do artigo.
Auxílio-moradia para juízes
Recente decisão de ministro do STF, concedendo indistintamente o
auxílio-moradia a todos os magistrados do País, repercute gerando
acirradas controvérsias e indignação.
Apenas para relembrar. Depois de anos de luta, a magistratura
conseguiu a instituição do subsídio a que se refere o § 4º do artigo 39
da Constituição Federal, sendo que o critério para correção deste –
anual – se encontra fixado no inciso X do artigo 37. Com a instituição
do subsídio, visava-se tornar mais transparente a forma como a
magistratura é remunerada e acabar com toda a sorte de ajuda-disto e
auxílio-daquilo pagos indistintamente.
A Lei Orgânica da Magistratura, promulgada em 14/3/1979, no artigo
65, por sua vez, entre outras vantagens, prevê o pagamento de “ajuda de custo, para moradia, nas localidades em que não houver residência oficial à disposição do magistrado”.
É fato notório, também, que desde 2006 o Poder Executivo não vem
concedendo reposição salarial plena – e não está a se falar em aumento
salarial, apenas reposição das perdas causadas pela inflação – a que se
refere o artigo 37 supracitado, o que vem levando à exasperação não
somente a magistratura mas também todos os servidores públicos
abrangidos pelo artigo em questão, em evidente desrespeito à
Constituição Federal.
A partir dessas constatações, uma indagação. Se desde 1979 já existia
o direito ao recebimento do auxílio-moradia, por que somente agora,
passados 35 anos, alguém se lembrou de requerer seu pagamento? Será que
ninguém percebeu que esse direito estava ao alcance de todos os juízes
mas que, por alguma insondável razão de bondade, não foi exercido
durante todo esse tempo?
À evidência que não. E a resposta é simples. Porque durante todos
estes anos o pagamento da vantagem, indistintamente a todos os juízes,
era visto como algo indevido, para não dizer absurdo, imoral ou
antiético. E somente deixou de assim ser visto quando a magistratura
percebeu que o Poder Executivo não iria conceder a reposição do poder
aquisitivo causado pela inflação que ele mesmo produz.
Portanto, digam o que quiserem dizer: o pagamento do auxílio-moradia,
indistintamente a todos os juízes, ainda que previsto na Loman, é uma
afronta a milhões de brasileiros que não fazem jus a esse “benefício”
e na realidade se constitui na resposta que um Poder – o Judiciário –
deu a outro – o Executivo – porque este não cumpriu sua obrigação de
repor o que a inflação havia consumido.
É uma disfarçada e espúria concessão de antecipação ou reposição salarial por “canetaço”
ante a inércia do governo federal – que tem dinheiro para construir
portos para regimes políticos falidos, perdoar dívidas de outros tantos,
que deixa bilhões escorrer entre os dedos das mãos nos incontáveis
casos de corrupção que diariamente são noticiados – mas não tem dinheiro
para repor as perdas causadas pela inflação, nem para remunerar de
forma digna a magistratura.
Outras perguntas. Se o Poder Executivo continuar não concedendo a
reposição da inflação nos próximos anos – continuando a demonstrar,
assim, o seu desprezo para com a magistratura – a PEC 63/13, que
institui a parcela indenizatória de valorização do tempo de serviço
(ATS), também será atropelada por liminar do STF fazendo valer o inciso
VII do mesmo artigo 65 da Loman antes já mencionada, que prevê o
pagamento de gratificação adicional de 5% por quinquênio de serviço, até
o máximo de 7?
Como ficam os juízes que residem na comarca e em residência própria?
Irão receber a gratificação? Sob a justificativa de que a União não
fornece a residência? E os casais, quando ambos forem juízes, qual deles
receberá o auxílio-moradia? Receberão ambos?
De minha parte, apenas uma certeza. Desde já renuncio ao recebimento da “gratificação”, por considerá-la imoral, indecente e antiética. Não quero migalhas recebidas por vias transversas e escusas.
Quero apenas o mínimo que a Constituição Federal me assegura para
exercício de meu cargo com dignidade. A reposição da inflação
anualmente. Nada mais do que isso.
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Reforma, já!
Os debates televisivos entre os candidatos políticos nestas eleições
revelaram o abismo existente entre as demandas do povo e as questões
abordadas pelos candidatos e seus assessores. Gravitando entre os temas
saúde, educação e segurança de forma superficial, eles demonstraram o
quanto ainda são despreparados para governar o país.
Não faltaram cenas
pitorescas nas quais as palavras saúde e educação foram confundidas mais
de uma vez. Houve discursos e cobranças inflamadas, acusações mútuas e
deboches explícitos. Sobrou amadorismo e faltou vocação para a boa
política. Um tema tão atual como a mobilidade urbana, que afeta a
maioria das cidades com mais de 80 mil habitantes, não foi debatido.
Minas Gerais, por exemplo, enfrenta a maior seca de sua história, com riscos iminentes
de desabastecimento até para as necessidades básicas, e nenhum
candidato se lembrou disso. Alguns disseram que iriam ouvir a população e
só depois apresentariam um plano de governo. Hora, um candidato que não
sabe quais são as principais demandas do seu povo não pode governá-lo.
Houve quem passasse o tempo todo dizendo que tudo está maravilhoso e que
dará apenas continuidade ao que vem sendo feito nos últimos anos. Uma
demonstração inequívoca de que o modelo eleitoral está falido, ao
permitir a qualquer um se candidatar a cargos que não são para qualquer
um. Enquanto a democracia permitir esse samba do crioulo doido nas
eleições, é pouco provável que alguma coisa melhore neste país. Nas
eleições deste ano, presenciamos pouca renovação dos candidatos.
Conclui-se que já passou da hora de fazermos uma reforma política.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Petrobras - um mar de lama
A presidente Dilma Rousseff é do PT. O vice-presidente Michel Temer é
do PMDB. Os dois partidos são os principais envolvidos nas graves
denúncias que jorram sobre a Petrobras.
Se o grande orgulho da companhia era o pré-sal em águas profundas, a sua administração se transformou em um mar de lama.
Se o grande orgulho da companhia era o pré-sal em águas profundas, a sua administração se transformou em um mar de lama.
Os depoimentos do ex-diretor de Abastecimento e
Refino Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef são
devastadores. Até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aquele
que nada sabia, nada viu, é citado no depoimento de Youssef. Ele
aceitou a pressão para nomear Costa para a direção da maior empresa
brasileira.
Se Lula nada sabia, nada viu, a presidente Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia, no mínimo pecou por omissão. Ou por absoluta incompetência, contrariando a fama de “gerentona” que angariou no governo e que, inclusive, a levou para a chefia da Casa Civil e fez Lula torná-la a sua candidata à Presidência da República em 2010. É que como ministra à época, Dilma era também a presidente do Conselho de Administração da Petrobras. E não foi capaz de perceber o escândalo dessas proporções que atingia a empresa que já foi orgulho nacional.
Em seu acordo de delação premiada, Paulo
Roberto Costa foi obrigado a devolver nada menos que R$ 70 milhões,
incluindo US$ 23 milhões (cerca de R$ 57 milhões em valores atuais) que
foram depositados em uma conta secreta na Suíça. Se apenas um dos
envolvidos recebeu tanto dinheiro, imagine o quanto mais escorreu pelos
ralos das diversas diretorias envolvidas.
O depoimento do doleiro
Alberto Youssef vai direto ao ponto. E é devastador para o PT e o PMDB.
Sabe com quem ele tratava das propinas? Com o tesoureiro petista João
Vaccari Neto. Logo com o tesoureiro do partido? Muito apropriado.
Definitivamente, o Brasil é o país da piada pronta. Piada de mau gosto.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Se Dilma vencer
Por Arnaldo Jabor
A
catástrofe anunciada vai chegar pelo desejo teimoso de governar um país
capitalista com métodos "socialistas". Os "meios" errados nos levarão a
"fins" errados. Como não haverá outra "reeleição", o PT no governo vai
adotar medidas bolivarianas tropicais, na "linha justa" de Venezuela,
Argentina e outros.
Dilma já diz que vai controlar a mídia, economicamente, como faz a Cristina na Argentina. Quando o programa do PT diz: "Combater o monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento", leia-se, como um velho petista deixou escapar: "Eliminar o esterco da cultura internacional e a "irresponsabilidade "da mídia conservadora". Poderão enfim pôr em prática a velha frase de Stalin: "As ideias são mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que nossos inimigos tenham armas, por que deveríamos permitir que tenham ideias?"
As agências reguladoras serão mais esvaziadas do que já foram para o governo PT ter mais controle sobre a vida do país. Também para "controlar", serão criados os "conselhos" de consulta direta à população, disfarce de "sovietes" como na Rússia de Stalin.
O inútil Mercosul continuará dominado pela ideologia bolivariana e "cristiniana". Continuaremos a evitar acordos bilaterais, a não ser com países irrelevantes (do "terceiro mundo") como tarefa para o emasculado Itamaraty, hoje controlado pelo assessor internacional de Dilma, Marco Aurélio Garcia. Ou seja, continuaremos a ser um "anão diplomático" irrelevante, como muito acertadamente nos apelidou o Ministério do Exterior de Israel.
Continuaremos a "defender" o Estado Islâmico e outros terroristas do "terceiro mundo", porque afinal eles são contra os Estados Unidos, "inimigo principal" dos bolcheviques que amavam o Bush e tratam o grande Obama como um "neguinho pernóstico".
Os governos estaduais de oposição serão boicotados sistematicamente, receberão poucas verbas, como aconteceu em São Paulo.
Junto ao "patrimonialismo de Estado", os velhos caciques do "patrimonialismo privado" ficarão babando de felicidade, como Sarney, Renan "et caterva" voltarão de mãos dadas com Dilma e sua turminha de brizolistas e bolcheviques.
Os gastos públicos jamais serão cortados, e aumentarão muito, como já formulou a presidenta.
O Banco Central vai virar um tamborete usado pela Dilma, como ela também já declarou: "Como deixar independente o BC?" A inflação vai continuar crescendo, pois eles não ligam para a "inflação neoliberal".
Quanto aos crimes de corrupção e até a morte de Celso Daniel serão ignorados, pois, como afirma o PT, são "meias verdades e mentiras, sobre supostos crimes sem comprovação...".
Em vez de necessárias privatizações ou "concessões", a tendência é de reestatização do que puderem. A sociedade e os empresários que constroem o país continuarão a ser olhados como suspeitos.
Manipularão as contas públicas com o descaro de "revolucionários" — em 2015 as contas vão explodir. Mas ela vai nomear outro "pau-mandado" como o Mantega. Aguardem.
Nenhuma reforma será feita no Estado infestado de petistas, que criarão normas e macetes para continuar nas boquinhas para sempre.
A reforma da Previdência não existirá pois, segundo o PT, "ela não é necessária", pois "exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento. Só de R$ 52 bilhões.
A Lei de Responsabilidade Fiscal será desmoralizada por medidas atenuantes — prefeitos e governadores têm direito de gastar mais do que arrecadam, porque a corrupção não pode ficar à mercê de regras da época "neoliberal". Da reforma política e tributária ninguém cogita.
Nossa maior doença — o Estado canceroso — será ignorada e terá uma recaída talvez fatal; mas, se voltar a inflação, tudo bem, pois, segundo eles, isso não é um grande problema na política de "desenvolvimento".
Certas leis "chatas" serão ignoradas, como a lei que proíbe reforma agrária em terras invadidas ilegalmente, que já foi esquecida de propósito.
Aliás, a evidente tolerância com os ataques do MST (o Stédile já declarou que se Dilma não vencer, "vamos fazer uma guerra") mostra que, além de financiá-los, este governo quer mantê-los unidos e fiéis, como uma espécie de "guarda pretoriana", como a guarda revolucionária dos "aiatolás " do Irã.
A arrogância e cobiça do PT aumentarão. As trinta mil boquinhas de "militantes" dentro do Estado vão crescer, pois consideram a vitória uma "tomada de poder."
Se Dilma for eleita, teremos um governo de vingança
contra a oposição, que ousou contestá-la. Haverá o triunfo "existencial"
dos comunas livres para agir e, como eles não sabem fazer nada, tudo
farão para avacalhar o sistema capitalista no país, em nome de uma
revolução imaginária. As bestas ficarão inteligentes, os incompetentes
ficarão mais autoconfiantes na fabricação de desastres. Os corruptos da
Petrobras, do próprio TCU, das inúmeras ONGs falsas vão comemorar.
Ninguém será punido — Joaquim Barbosa foi uma nuvem passageira.
Nesta eleição, não se trata apenas de substituir um nome por outro. Não é Fla x Flu. Não. O grave é que tramam uma mutação dentro do Estado democrático. Para isso, topam tudo: calúnias, números mentirosos, alianças com a direita mais maléfica.
E, claro, eles têm seus exércitos de eleitores: os homens e mulheres pobres do país que não puderam estudar, que não leem jornais, que não sabem nada. Parafraseando alguém (Stalin ou Hitler?) — "que sorte para os ditadores (ou populistas) que os homens não pensem".
Toda sua propaganda até agora acomodou-se à compreensão dos menos inteligentes: "Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada" — esta é do velho nazista.
O programa do PT é um plano de guerra. Essa gente não larga o osso. Eles odeiam a democracia e se consideram os "sujeitos", os agentes heroicos da História. Nós somos, como eles falam, a "massa atrasada".
É isso aí. Tenho vontade de registrar este texto em cartório, para depois mostrar aos eleitores da Dilma. Se ela for eleita.
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Um palhaço chamado Tiririca
O palhaço Tiririca, como se sabe, teve
votação estrondosa nas eleições passadas em cima do slogan 'pior do que está
não fica', incorporando tanto o voto de protesto quanto o voto alienado, o
voto dos que acreditavam com isso bagunçar o que rejeitam nessa política que
não os representa. Uma vez no Congresso, o deputado Tiririca demonstrou que
realmente não piorou a nossa representação, ao contrário a melhorou até.
Mesmo não fazendo nenhum discurso durante esses quatro anos, mesmo
apresentando poucos projetos, o deputado compareceu a todas as sessões,
votou em tudo de forma coerente, com a sua história e com as ideias do seu
partido, participou ativamente de comissões e, isso é importante, não foi
alvo de nenhuma acusação quer por irregularidades, quer por comportamento
inadequado à função. O que não se pode dizer de uma boa parte daquela Casa.
Pois bem, agora candidato à reeleição ele se vê num dilema cruel. Se
reivindica pra si essa boa performance, vira um deputado comum e, aí, sem o
'appeal' da transgressão, do protesto, correria ou risco forte de não se
reeleger. Daí é obrigado a assumir nesta campanha a caricatura dele mesmo
enquanto candidato deputado com mandato, voltando à velha forma com
piadinhas descabidas, com gracinhas niilistas, e negando o que de melhor
teve a nos oferecer: o artista enquanto ente político, independente do seu
nível cultural. Mas se a gente pensar bem, principalmente observando a
campanha eleitoral atual, isso não é incomum.
O que se nos apresenta
enquanto candidatos (com raríssimas exceções) são personagens construídos
para seduzir eleitores. Ninguém é ele mesmo na busca pelo voto, todos se
travestem do personagem que possam incorporar e que teria alguma adesão com
os desejos do eleitor. O problema é que, se eleitos, voltam a serem eles
mesmos, e daí..."
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