Lendo um texto de um amigo jornalista em
que ele agradece sua mãe por tudo o que é e, ao mesmo tempo, se desculpa
sobre a quantidade de vezes que ela já foi lembrada por seus inimigos
e, nessas ocasiões, ofendida em sua honra, comecei a pensar em quem são
as verdadeiras prostitutas de nossa sociedade.
Lembro-me de que, quando jovem, em todas
as cidades existiam as chamadas "zonas de meretrício", verdadeiros
bairros onde residiam as prostitutas locais e para onde se dirigiam
aqueles que buscavam seus serviços.
Os tempos mudaram e com a chamada
liberalização sexual a estrutura social passou a ser mais permissiva com
a sexualidade dos jovens, que já não necessitam buscar esse tipo de
serviço, pois passaram a se relacionar com as próprias namoradas.
Esses bairros conhecidos como "zonas"
deixaram de existir e as prostitutas foram residir nos pontos mais
diversos das cidades e passaram a anunciar seus serviços nos jornais ou a
fazer "ponto" em determinadas ruas ou locais conhecidos por toda a
comunidade.
Com a internet, surgiram verdadeiras
estruturas especializadas no oferecimento desses "préstimos", sejam
femininos, masculinos ou homossexuais, com fotos e dados como medidas,
peso, altura, preferências e especialidades.
Mas toda essa modernidade e facilidade não
conseguiram acabar com a existência das pessoas que apontam seu dedo
para outras, acusando-as de ser o que são, quando por trás dessas
acusações querem esconder o fato de muitas vezes serem ou tentarem ser
iguais às que acusam.
São as que apontam para quem sequer
conhecem e dizem maldades e injustiças, lançando acusações de
comportamentos indecorosos, tentando com isso não expor os seus
próprios, ou as que recriminam as profissionais do sexo, quando exercem a
mesma função sem o mesmo profissionalismo, mantendo um comportamento
menos digno do que destas, ou de quem quer ser vista como uma dama.
Entendo e acho normal que entre quatro
paredes, buscando satisfazer seu parceiro e com este comportamento
dedicado exclusivamente a ele, muitas mulheres tornam-se verdadeiras
profissionais do sexo.
Entretanto, é comum ficarmos sabendo de
mulheres, casadas ou não, que em reuniões com outras se vangloriam de
terem saído com outros homens e que comentam inclusive como foram seus
desempenhos sexuais e até suas medidas físicas.
E atualmente não é raro observar mulheres
usando vocabulários que incluem palavrões em muitas das frases que
pronunciam, que gritam e xingam, bebem ao ponto de dar vexames e, ao se
dirigirem a outras pessoas, apontam o dedo indicador próximo do rosto de
seu interlocutor.
Que casadas, procuram satisfazer seus
desejos físicos buscando parceiros no mesmo tipo de anúncio usado pelos
homens, os acusam de infidelidade conjugal, mas deles não se separam
para manter o "status" de mulher casada ou vendendo-se pelas mordomias
que o dinheiro do marido pode proporcionar.
Assistindo pessoas se comportarem dessa
maneira, fico em dúvida sobre quem são as verdadeiras vadias de nossa
sociedade, se as que se expõem em anúncios de jornais, blogs e sites ou
as que fingem ser puritanas, mas praticam atividades bem menos dignas do
que as que vivem da profissão.
A verdadeira prostituta não é a profissional, que vive do sexo pago, mas a falsa puritana infiltrada na sociedade.
*Jornalista, escritor e produtor rural