O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, diz que não depende de
autorização da Organização das Nações Unidas (ONU) para um eventual
ataque à Síria. E afirma ter provas de que foram usadas armas químicas em ataques na Síria, cuja responsabilidade é atribuída ao governo do presidente sírio, Bashar Al Assad.
“PARALISIA”
“Diante da paralisia do conselho das Nações Unidas na questão, uma
resposta internacional é demandada, e não deve vir de decisão do
Conselho de Segurança. Preferiria trabalhar por meio de canais
multilaterais e ONU, mas acredito que a segurança mundial e dos EUA
demandam [decisões por outros meios]”, disse o presidente
norte-americano durante coletiva de imprensa em São Petersburgo, na
Rússia, onde ocorre a cúpula do G20.
Obama informou que fará na próxima terça-feira um pronunciamento aos
cidadãos norte-americanos, a fim de buscar respaldo do Congresso a um
eventual ataque à Síria. Perguntado sobre se o ataque pode ser feito sem
a autorização do Congresso, ele disse que, entre os motivos da
consulta, está o de fazer com que o Legislativo explique ao povo
americano “que esta é a coisa certa” a fazer.
“Há várias decisões que tomo que são impopulares, mas é o que se há
para fazer”, disse, ao reconhecer que ações desse tipo, envolvendo
operações militares, são sempre impopulares. “Fui eleito para acabar com
uma guerra, e não para começar outras. Mas tenho o dever da proteção, e
há tempos difíceis se quisermos defender aquilo que acreditamos”,
acrescentou.
Segundo Obama, “a conferência foi unânime à ideia de que armas
químicas foram usadas, e a maioria dos presentes está aceitando e
concordando que o governo de Assad é o responsável pelo uso delas. Isso,
claro, foi questionado por [Vladimir] Putin [presidente da Rússia, país
contrário a qualquer ataque à Síria]”, disse Obama.
A conversa com o presidente russo foi “tranquila e construtiva”,
segundo Obama, e não abrangeu a questão do asilo dado pela Rússia a
Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa terceirizada que prestava
serviços para a Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA) e
principal responsável pelas denúncias de espionagem pelo governo
norte-americano.
“Temos uma relação muito direta [com Putin]. Discutimos a questão da
Síria. Foi citado que em todos os pontos de interesse comum, teremos de
trabalhar de forma conjunta”, disse o presidente dos EUA.