A corrupção no Brasil não é um câncer localizado. É uma metástase espalhada de norte a sul e de leste a oeste |
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
Lindolfo Neto de Oliveira Sales, é um senhor previdente, preocupado com o
futuro. Tanto que embolsou R$ 29.343,88 em diárias pagas pelos cofres
públicos para viajar a Natal. Para ir para casa, pois é lá onde mora. E
mesmo quando não tinha compromissos oficiais na agenda. O INSS é um dos
maiores órgãos públicos do país, mas a corrupção não escolhe o tamanho
da repartição. Está por todo lado.
Em Itacarambi, no
Norte de Minas, uma das regiões mais pobres de Minas, o ex-prefeito
Rubinar Barbosa foi condenado a nove anos de prisão por fraudes em
licitação e desvio de dinheiro público. O motivo pode ser até altruísta.
Parte do dinheiro serviu para pagar a lua de mel na Europa de sua
afilhada, que é a pregoeira oficial da prefeitura. Sintomático, não?
É
esta a grande questão invisível no Brasil. Os grandes escândalos ganham
manchetes e mais manchetes dos jornais e dos telejornais. Há quanto
tempo, e quanto tempo mais, os brasileiros ficarão ouvindo notícias
sobre o mensalão, que atingiu o alto escalão do governo do então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Muitas manchetes ainda virão. Isso
é certo.
Já o presidente do INSS será esquecido nos
próximos dias. No máximo, ganhará mais uma notícia, se for devidamente
demitido pela presidente Dilma Rousseff, como convém a um governante
fazer.
Itacarambi talvez seja substituída por outra pequena cidade carente em que os recursos públicos que poderiam melhorar a vida das pessoas mais pobres enriquecem ainda mais quem já não precisa.
É esta a questão. A corrupção no Brasil não é um câncer localizado que pode ser tratado com quimioterapia ou extirpado com uma cirurgia. É uma metástase espalhada de norte a sul e de leste a oeste deste país continental. Será que um dia os cidadãos de boa-fé e os contribuintes encontrarão a cura?