O ano eleitoral não foi capaz de sensibilizar o Palácio do Planalto e muito menos a equipe econômica. A tesoura passou afiada em cima das emendas dos parlamentares ao Orçamento da União deste ano. A facada atingiu todas elas. É isso mesmo, todas elas, pouco mais de R$ 20 bilhões. A base governista no Congresso não vai demorar a chiar. Afinal, nada melhor que subir no palanque e anunciar que o dinheiro da reforma da pracinha vai sair, que a avenida será asfaltada, que o assoreamento do rio será resolvido. O deputado fala e abraça o seu candidato a prefeito, que devolve os votos daqui a dois anos, nas eleições para a Câmara dos Deputados. É assim que funciona. Bem, pelo menos, era assim que funcionava.
A choradeira dos que fazem caridade com o dinheiro público foi grande. Embora tenha sido grande a pressão da equipe econômica, a presidente Dilma Rousseff capitulou e não extinguiu as emendas parlamentares que ficam na rubrica chamada “restos a pagar”. É com elas que a presidente vai comprar os deputados e senadores da base aliada e eles os seus currais eleitorais. É assim que sempre funcionou e não será diferente agora. O corte no Orçamento deste ano, se for preciso, também pode ser revisto a qualquer tempo. Chama contigenciamento, é tesoura que passa, mas que uma agulha pode costurar.
Não é à toa que alguns deputados e senadores destacam a importância de integrar a Comissão Mista de Orçamento deste ano. Quem emplacar a emenda para o ano que vem, será restos a pagar em 2014, quando precisar agradar as bases. É a política brasileira dando um jeitinho de burlar a burocracia e de os políticos garantirem a própria sobrevivência. Dane-se o povo! É assim que funciona. Fazer o quê?
Um dia a casa cai...