Recentemente, percorri as principais vias da cidade de São Paulo e pude constatar que os radares na maioria das vias paulistanas obrigam os motoristas a cumprir os limites de velocidade, os semáforos com câmeras reduzem a possibilidade de colisões e a companhia de engenharia de tráfego acompanha e faz intervenções em tempo hábil no fluxo de veículos. Já no Rio de Janeiro, o caos na Av. Brasil é inacreditável, com carretas pesadas a mais de 100km/h, (aliás isso também se vê em plena Av. Atlântica!) retenções sem sinalização adequada, desníveis na pista e um único radar oculto, que certamente poderá causar tragédias devido às freadas bruscas. É triste ver a cidade maravilhosa completamente abandonada, sem nenhum controle de tráfego, justamente em sua principal via de entrada e saída.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Nossas diversidades
Em conversa com uma jovem, percebi que ela não concordou e ficou chocada quando eu disse que o brasileiro ainda não possuía sequer uma raça definida. Informou-me que pessoas não tinham raça, mas sim etnia, e que raça quem tinha eram os animais.
Aleguei que isso pouco importava no sentido que eu estava dando à minha declaração, pois o que estava afirmando é que nosso país é muito novo, repleto de pessoas oriundas de países e continentes distintos, que ainda levaria séculos para que fôssemos fisicamente reconhecidos como nascidos aqui, assim como os japoneses, chineses, árabes ou afrodescendentes são reconhecidos.
Interessante que na sequência da conversa, sem perceber a contradição, ela mesma disse que seus avós eram POI - termo utilizado por produtores rurais para identificar animais Puros de Origem Importada -, árabes libaneses.
Tentava explicar que nossas características físicas ainda são muito distintas, como entre os sulistas e nortistas, e na cidade de São Paulo, em decorrência da enorme concentração de pessoas das mais diversas origens, podíamos ver, com maior clareza, o quanto somos uma população ainda fisicamente indefinida.
Desde a descoberta do país e sua colonização, ocorreram concentrações de povos oriundos de países ou continentes em determinada região do país, como os holandeses no Nordeste e os portugueses e espanhóis no Sudeste e Centro-Oeste, mas todos ainda somente próximos do litoral.
Buscando desbravar o país, o governo incentivou a imigração de milhares de pessoas. Foi quando vieram os japoneses e italianos, que se fixaram na região Sudeste, enquanto alemães foram para a região Sul.
Essas diferenças permanecem até os dias atuais, pois sabemos que, principalmente por suas origens, os sulistas são os mais acostumados a trabalhar em sistemas de cooperativas, como na suinocultura e produção de embutidos derivados da carne suína, enquanto os descendentes de japoneses são os maiores especialistas no plantio de hortaliças e na produção de ovos e frangos.
Séculos se passaram e esses povos foram se locomovendo dentro do país, por conta própria ou com novos incentivos governamentais ao desbravamento, como quando da criação dos estados de Rondônia e Roraima e da rodovia Transamazônica.
Já na década de 70, surgiram as novas fronteiras agrícolas do Centro-Oeste, provocando um enorme fluxo de pessoas para a região, principalmente oriundas do sul.
Toda essa movimentação e os consequentes envolvimentos entre as pessoas que chegavam com as que lá já estavam provocou novas alterações físicas, diminuindo as diferenças entre pessoas dessas regiões e criando novos costumes como o uso do chimarrão na região Centro-Oeste, onde só existia o tereré.
Atualmente, é muito comum vermos, em diversos estados com grande concentração de gaúchos, os chamados CTGs - Centros de Tradições Gaúchas - ou os bailes de forró na cidade de São Paulo, e apesar de todos saberem suas origens, come-se vatapá, farinha de mandioca e pão de queijo em todas as regiões do país.
Era o que estava tentando explicar, que ainda demorará séculos para que consigamos ter um Brasil com pessoas que possuam os mesmos traços físicos e tenham as mesmas culturas, mas podemos nos orgulhar de, mesmo muito miscigenados, ou talvez justamente por isso, sermos esse povo sem preconceitos, disposto a novas assimilações, pacífico e ordeiro.
Ainda levará séculos, mas de nossa miscigenação estamos criando a maior raça, a de todos.
João Bosco Leal jblealms@terra.com.br
*Jornalista, escritor e produtor rural
Um triz
A interlocutores mais próximos, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, já admite que o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) e o secretário-geral da legenda, Manoel Dias, não têm mais chances de ocupar o cargo de ministro do Trabalho. O deputado Brizola Neto (PDT-RJ) é o preferido de Dilma para o cargo, mas sofre veto de Lupi e ela não abre mão do aval do ex-ministro. Com isso, o PDT busca uma alternativa, mas é grande a possibilidade de a legenda perder a pasta. O nome mais falado é o do deputado federal Hugo Leal (PSC-RJ).
Os micos da política brasileira
“Vou indicar o senhor Fernando Afonso pelo PTB.” Assim anunciou o líder petebista no Senado, Gim Argello (DF), sobre o representante do partido na CPI do Cachoeira. Pois é, o tempo passa, o tempo voa e a poupança confiscada continua numa boa. Fernando Afonso é o ex-presidente Collor, alvo da CPI da Corrupção que culminou com seu impeachment. Desta vez, ele estará sentado do outro lado do balcão. Como já se passaram 21 anos do impeachment, o líder petebista acredita que Collor já atingiu a maioridade: “Ele é exemplar, exerce um mandato brilhante”. A reação do ex-presidente, revela Gim, é a de um missionário: “Estou pronto. É missão”.
Se não bastasse, a CPI promete mesmo fartas e fortes emoções. Outro senador que deverá integrá-la é o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), aquele mesmo, que era amigo de Collor na época dele no poder e que renunciou à presidência do Senado cinco anos atrás para não ter o mandato cassado pelos colegas. Renan quer levar também o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que anda uma arara com o Palácio do Planalto desde que perdeu a liderança do governo na Casa.
A CPI foi armada, pensada e articulada em São Bernardo do Campo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pano de fundo é fazer concorrência com o eventual julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Pelo andar da carruagem e com os atores escalados para a missão, o filme tem tudo para ser uma superprodução, de dar inveja aos diretores e produtores mais ricos de Hollywood. Aos eleitores brasileiros resta torcer para que o drama da corrupção que assola o país não acabe se transformando numa grande comédia cinematográfica.
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