O pedido de vista do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), pode ter adiado, sabe-se lá por quanto tempo uma decisão final. Mas já está aberta e declarada mais uma guerra entre os poderes, por causa do julgamento da ação que questiona a doação de empresas para as campanhas eleitorais. Ao julgar uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Supremo corre o risco de, mais uma vez, legislar no lugar do Congresso. Já são quatro votos favoráveis à proibição das doações: Luiz Fux, relator Joaquim Barbosa, presidente do STF; e os ministros Dias Toffoli e Roberto Barroso. Teori Zavascki não tem prazo determinado para devolver a ação depois de seu pedido de vista.
A reação do Poder Legislativo já chegou e veio de forma virulenta. Em privado, com mais ênfase, e em público, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que já anda às turras com o Poder Executivo, por estar sendo deixado de lado pela presidente Dilma Rousseff, agora compra briga com o Judiciário. Não poupou ataques ao julgamento do Supremo sobre as doações eleitorais.
A metralhadora giratória de Henrique Eduardo Alves chega a questionar a morosidade dos julgamentos na Justiça em todas as instâncias para cutucar e dizer que, apesar da falta de eficiência, o Legislativo não vai tirar a prerrogativa do Judiciário. É acusação séria.
Em outro ponto, o presidente da Câmara dos Deputados pôs o dedo na ferida. Falou do caixa 2 nas campanhas eleitorais, que já existe e é onde é movimentada a maior parte das despesas dos candidatos. Henrique Alves diz que o Supremo pode acabar oficializando o caixa 2. Quem dava recursos por dentro passa a dar por fora, por debaixo dos panos.
O fato é que o Brasil é assim mesmo. O que já está errado pode ficar pior. E o que ficar pior corre o risco de piorar mais.