Este país tem 13 milhões de famílias vivendo do Bolsa-Família.
Considerando que cada família é composta de quatro pessoas, teremos
muitos milhões de indivíduos pendurados nos cofres públicos por absoluta
falta de qualificação. Pelas cenas amplamente divulgadas pela mídia há
alguns dias em função do tal boato, parece ter ficado evidente que entre
aqueles há muita gente em condições de assumir um trabalho, já que
tiveram bastante iniciativa, força e resolução para lutar pelo benefício
que imaginaram ameaçado de perder, pagos por esta mesma classe média
que certa filósofa ligada ao governo andou desqualificando com
expressões bem pesadas, esquecendo-se de que é este extrato
‘desprezível’ que permite aos beneficiários esse auxílio, questionável
na grande da maioria dos casos.
Afinal, dizem que há vagas esperando,
especialmente no setor de serviços. Se somarmos os 40 milhões que vivem
na informalidade, num país onde é melhor ser ambulante do que montar um
pequeno negócio, veremos então que temos vários milhões de pessoas sem
carteira assinada, o que representaria um índice altíssimo no universo
de 200 milhões de brasileiros. Se o desemprego está mesmo tão baixo,
somos obrigados a concluir que na ótica do governo essas pessoas não
existem ou não são gente e, portanto, não entram nas estatísticas quando
se trata de mostrar números negativos.
Tudo pela continuidade no poder.
Queremos mais seriedade no trato da coisa pública. Essa classe média
tão odiada por eles está cansada de levá-los nas costas às custas de um
dos impostos mais altos do mundo sem retorno nenhum. E ainda, se quisermos educação e saúde de qualidade, temos de nos matar de trabalhar para pagar por algo que deveríamos receber gratuitamente.