Já que o incêndio foi inevitável, chame o bombeiro. Foi o que fez a presidente Dilma Rousseff, ontem, logo pela manhã. Depois de derrotada no Senado – e logo com a indicação de Bernardo Figueiredo, um de seus mais próximos auxiliares, à recondução como diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) –, Dilma teve encontro com o vice-presidente Michel Temer. O PMDB é o principal responsável pelo episódio, mas não está sozinho na rebelião. Há até suspeita de que petistas podem ter participado. Mas as duas primeiras preocupações do Palácio do Planalto são mesmo o PMDB e o PR.
Dos peemedebistas, Dilma cuidou pessoalmente com Temer. Para tratar com os republicanos a indicada, ainda na noite de quarta-feira, foi a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvati. Ela teve conversas com o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) e com o deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP), ambos muito influentes na legenda. O PR não considera o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, como uma indicação do partido. O ministro, aliás, tem dado visíveis sinais de irritação nas audiências que tem concedido nos últimos dias, o que pode ser indicativo de que percebe não ser a sua situação tão tranquila assim. Não consegue despistar nem quando o encontro é com parlamentares, que não deixam de perceber esse tipo de coisa.
E é aí que pode estar uma solução. Dilma será aconselhada a indicar Paulo Sérgio para a ANTT. Para o seu lugar, no entanto, não iria um republicano. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, seria o escalado. E para o seu lugar, aí sim, o PR faria a indicação. Já o problema do PMDB é mais difícil de resolver. Até porque o partido também está de olho na vaga de Bernardo, caso ele seja remanejado no governo. É conta que não fecha.