Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Essa foi a estratégia da
presidente Dilma Rousseff nos vetos que fez no novo Código Florestal.
Não foi à toa que ela discutiu tanto antes de tomar uma decisão. De um
lado, tentou salvar a imagem do Brasil em pré-temporada de Rio+ 20 com
os ambientalistas. Normalmente radicais – muitos são verdadeiros xiitas
–, Dilma não conseguiu agradar a todos. Com os ruralistas, a presidente
tentou um agrado aos pequenos produtores, aliviando as exigências de
recuperação das áreas desmatadas e escalonando a distância dos rios. As
pequenas propriedades foram favorecidas. Se será suficiente, é outra
história. A bancada ruralista já mostrou sua força ao peitar o governo
na votação do código. Dilma, ao aliviar para parte dela, espera
conseguir a máxima do dividir para governar.
O problema,
no entanto, é que o peixe morre pela boca na política brasileira. No
programa Bom Dia Ministro, Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, foi
falar sobre o código. E fez uma provocação, no mínimo, desnecessária aos
deputados. Elogiou o projeto aprovado pelo Senado, exatamente o que a
Câmara desfigurou completamente. Os peemedebistas nem esperaram a
história decantar. Classificaram como erro crasso comprar a briga com os
deputados acariciando os senadores. O troco pode estar a caminho,
porque a MP será votada e nem será necessário que a vingança seja um
prato que se come frio.
Sem agradar aos radicais dos dois
lados, a presidente Dilma terá de trabalhar muito para ajustar a base
governista no Congresso. E é o que ela não tem feito nos últimos tempos.
Deixou os partidos de lado, faz poucas reuniões com o conselho
político, transfere a Ideli Salvatti, ministra-chefe da Secretaria de
Relações Institucionais, e em algumas ocasiões mais específicas a Gleisi
Hoffmann, da Casa Civil e ao ministro da Fazenda Guido Mantega, a
tarefa de conter a base. Sem carinho da própria presidente, é tarefa
inglória.