Vale recordar que a estimativa divulgada em julho previa expansão de 1,3% neste ano e 2% no ano que vem, números bem acima das apostas mais recentes. O boletim Focus divulgado esta semana pelo Banco Central (BC), que reúne a média das previsões do mercado, indica avanço de 0,33% este ano. A falta de investimento e de consumo tem contribuído para dados decepcionantes. A instituição destaca que a confiança de empresários e de consumidores vem caindo às vésperas das eleições. “O potencial da América Latina, principalmente no Brasil, permanece num patamar muito abaixo do ideal”, acentua o FMI, para o qual os Estados emergentes precisam se adaptar a um ambiente internacional em transformação, que terá juros mais altos em países como os Estados Unidos. Para o fundo, esses mercados têm que resolver vulnerabilidades, e uma das recomendações seria fortalecer o conjunto de políticas em locais onde a credibilidade está abalada.
O documento a ser debulhado na reunião no paradisíaco balneário de Cairns, na Austrália, indicará que a fraca atividade econômica do Brasil vai dificultar o cumprimento das metas orçamentárias em 2014. Mesmo assim, o FMI ressalta que trabalhar para entregar a meta de superávit primário com políticas sustentáveis é importante para o Brasil colocar a dívida bruta em trajetória de queda e, assim, estimular a confiança dos agentes. Com a inflação ainda elevada, o documento destaca que um novo aperto monetário, ou seja, alta dos juros, pode ser necessário caso as expectativas para a inflação piorem. Em relação a reformas, o FMI recomenda ao Brasil, em particular, que faça mudanças relevantes para reduzir os gargalos na infraestrutura e promova reformas estruturais que levariam o país a um nível de crescimento mais sustentado. Certo é que os países do G-20 vão procurar, neste encontro preparatório para a reunião de cúpula (chefes de Estado e de governo) em novembro, uma maneira de incrementar o crescimento global em 2 pontos percentuais até 2018 – para uns, uma meta palpável, para outros, nem tanto.