O ex-guerrilheiro e assassino italiano Cesare Battisti, que desfruta no Brasil da condição de asilado político, graças ao padrinho Lula, desfilou ontem pelos corredores da Câmara e do Senado para agradecer o apoio recebido de parlamentares durante os anos em que esteve preso e com sua situação sub judice no Supremo Tribunal Federal (STF). Escritor, ele prepara o lançamento de seu 18º livro – Ao pé do muro – e procurou a todo tempo enfatizar seu desejo de viver como “cidadão comum”. É a primeira vez que ele retorna a Brasília desde que deixou o presídio da Papuda em junho de 2011. Battisti começou o périplo pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Em conversa descontraída com os deputados Domingos Dutra (PT-MA), Erika Kokay (PT-DF) e Chico Alencar (PSOL-RJ) falou sobre uma oferta de emprego recebida no Rio de Janeiro e sobre seus planos para brincar o carnaval. O italiano pretende desfilar no Cordão da Bola Preta, tradicional bloco de rua da cidade. Battisti disse ser amigo de um dos diretores do bloco, Francisco Ferreira, de quem recebeu convite para desfilar este ano.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Objetivo da tucanagem
A meta do PSDB nas eleições deste ano, já foi dito aqui, é conseguir eleger 1 mil prefeitos em outubro. Seria um crescimento de quase 30%, já que hoje o partido tem cerca de 750 filiados comandando as prefeituras pelo país afora. Para conseguir atingir o objetivo, os tucanos vão privilegiar as eleições nos estados onde têm o governo, aproveitando que boa parte de seus governadores estão bem avaliados de acordo com as pesquisas de opinião encomendadas pelo partido.
Vindicta
Os partidos que perderam deputados para o PSD, nova legenda criada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pretendem infernizar a vida dos pessedistas. Eles querem ser ouvidos na ação que os pessedistas movem no Tribunal Superior Eleitoral para ter participação no fundo partidário, tempo na TV e outros direitos que os partidos têm. A ideia é inviabilizar que o PSD consiga uma decisão favorável ainda este semestre. Com isso, o novo partido ficaria a pé e mal pago para disputar as eleições municipais deste ano.
A casa da moeda de troca
A oposição sabe que é difícil vencer o rolo compressor do governo. Mas, pelo menos para cumprir tabela, continua tentando. A última foi o requerimento para convocar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para prestar esclarecimentos no plenário da Câmara dos Deputados, já que as comissões ainda não estão instaladas, sobre os problemas ocorridos na Casa da Moeda, que culminaram com a demissão do seu diretor, Luiz Felipe Denucci. O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), nem precisou, com o perdão do trocadilho, de usar alguma moeda de troca com os partidos da base aliada ao Palácio do Planalto. Foi logo descartando a possibilidade de Mantega ser convocado. Isso é que é confiança no próprio taco.
Guido Mantega, aliás, esteve no Congresso no ano passado e se submeteu a sabatinas em comissões patrocinadas pela oposição. Os governistas, claro, o protegeram. Mas nem mesmo os tucanos e democratas, além dos parlamentares do PPS, conseguiram apertá-lo o suficiente. Mantega saiu-se bem e, provavelmente, mesmo com o caso da Casa da Moeda sendo mais complicado, não seria – ou será, se ele for a alguma comissão – diferente agora.
Marco Maia ainda tirou uma casquinha na oposição, ao argumentar que o plenário da Câmara dos Deputados só deve ser usado para “grandes discussões”. Foi além: “Ele (o plenário) é um espaço nobre, que temos utilizado para fazer os grandes debates da sociedade, na área da saúde, da Previdência. Os grandes temas são tratados no plenário. Esta questão não é um grande tema nacional”. Bem, pode ser. Mas, se a corrupção não for um grande tema nacional, o Brasil está mesmo liquidado politicamente. Na Casa da Moeda, a acusação é esta.
Greve estilo "terrorista"
É grave o que se passa na Bahia. A população de Salvador e das principais cidades baianas, que a esta altura de fevereiro viveria a alegria da preparação do carnaval, enfrentou ontem o sétimo dia de medo e apreensão. Os baianos e os milhares de turistas que visitam suas belas praias tornaram-se reféns de um bando de policiais que, a propósito de reivindicar melhores condições de trabalho – direito que a ninguém pode ser negado –, usam o poder que julgam ter de chantagear um governo democraticamente eleito. Desde terça-feira, quando lançaram um movimento grevista, policiais militares da Bahia adotaram postura de confrontação com a autoridade do governador Jacques Wagner (PT) e deixaram as ruas à mercê de bandidos. Já passa de 80 o número de homicídios e contam-se às centenas os assaltos e cenas de vandalismo. Nas praias da capital e do Sul do estado, banhistas são incomodados por arrastões. O comércio nessas áreas não tem podido funcionar normalmente e as escolas foram aconselhadas a adiar o início do ano letivo de ontem para depois de resolvido o conflito. Disposto a manter a confrontação, um grupo de policiais ocupou a Assembleia Legislativa, obrigando o presidente da Casa a solicitar formalmente o apoio de tropas do Exército, que cercaram o prédio desde as primeiras horas de ontem.
Em vários pontos da capital baiana, em vez da movimentação de trios elétricos, blindados do Exército e militares da Força Nacional deslocados nas últimas horas para a Bahia ocuparam as principais ruas e avenidas desde domingo. Um grupo de 40 homens da elite da Polícia Federal também desembarcou em Salvador, a mando do governo federal, com a missão de cumprir 11 mandados de prisão expedidos contra os líderes grevistas. No domingo, o governador ofereceu reajuste de 6,5% nos vencimentos de R$ 1,9 mil (soldados) e R$ 2,3 mil (cabos e sargentos), sem anistia para os que aderiram ao movimento (exceto os que estão com prisão decretada). A proposta foi recusada. A verdade é que todas essas providências dos governos estadual e federal vieram tarde. A greve dos policiais baianos não teria como se instalar nessas proporções se não tivesse sido preparada semanas atrás.
Além disso, há menos de um mês que policiais do Ceará fizeram igual paralisação e é de esperar que surjam movimentos semelhantes em outros estados. Há ainda um fato político que não pode ser desprezado: tramita no Congresso Nacional a PEC 300, uma emenda constitucional que propõe a equiparação do salário de todos os policiais do país com os do Distrito Federal (unidade federativa que, como se sabe, é mantida com recursos da União e que, portanto, desfruta de condição fiscal privilegiada em relação aos estados). Mas não foi só a falta de prevenção e a demora em agir do governo baiano que deixaram a população nessa situação de perigo. Rápidos para autoconcederem reajustes e benesses, ou para aprovarem emendas que rendem votos, deputados e senadores continuam devendo à cidadania a regulamentação da lei que regula movimentos reivindicatórios de funcionários públicos, em especial os das classes de Estado, como militares, diplomatas, fiscais e outros funcionários de setores essenciais ou que são armados pela sociedade. Ninguém quer enfrentar algo que pode lhe trazer desgaste. A sociedade, bem, a sociedade que se foda!
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