“No dia em que eu não tiver a confiança dela, eu saio imediatamente.
Isso é condição de trabalho. Somos muito afinados na política
econômica. Ela vai levar essa política econômica até as últimas
consequências.” As palavras são do ainda ministro da Fazenda Guido
Mantega, em entrevista a O Globo, depois de demitido publicamente em
entrevista da presidente Dilma Rousseff (PT). Foi muito educado Mantega,
que encontrou uma boa desculpa. Disse que a mulher o colocaria para
fora de casa se continuasse no ano que vem. A mulher não é Dilma, não,
viu, gente? É a esposa do ainda ministro.
Isso é surrealismo puro. Já imaginou se houvesse de uma hora para outra um ataque especulativo como aconteceu no final do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que foi obrigado a reunir os principais presidenciáveis da época (Luiz Inácio Lula da Silva, José Serra e Ciro Gomes) no Palácio do Planalto para firmar um pacto e tentar salvar o país da bancarrota?
Enquanto a equipe econômica fica atônita com as decisões de palanque, as notícias das páginas de economia dos jornais dão o que pensar. A agência Moodys anuncia que pode rever o atual rating do país no futuro. Isso significa que a nota de avaliação passaria de estável para negativa. O governo também faz as contas do crescimento econômico. Mais notícias preocupantes. O PIB deve cair das projeções de incremento de 1,8% este ano para 1% ou até 0,5%. No mercado, já está em 0,48%. Já que a mulher de Guido Mantega o colocaria para fora de casa se ele continuasse, a presidente Dilma se antecipou e o tirou de seu gabinete (no sentido figurado, porque ele ainda está lá).
Enquanto isso, na TV,
Dilma diz que Marina dará ao Banco Central o poder do presidente. Uai,
será que o independente Federal Reserve nos Estados Unidos manda mais
que o presidente Barack Obama?