Normalmente, presidentes da República entram para a história por suas realizações e/ou algumas vezes pelo que deixaram de fazer pelo país. |
Está do lado do computador? Então, experimente jogar no Google a frase, entre aspas, “Lula, o melhor presidente do Brasil”.
São mais de 20 mil resultados.
Agora, escreva a frase “Lula, o pior presidente do Brasil”.
São menos de 10 achados no site de buscas mais popular da rede.
Os descontentes e os que por algum motivo não gostam do presidente poderão dizer: “Ah, isso é uma bobagem, basta trocar e suprimir uma ou outra palavra que os resultados mudam”. Pois então, vamos lá: “Lula, o melhor presidente” (sem a palavra Brasil) – mais de 37 mil resultados. “Lula, o pior presidente” – 1.290 achados.
Quando se usa o verbo, “Lula é o pior presidente”, o número de resultados aumenta para 5.500. Mas, por outro lado, “Lula é o melhor presidente” passa a conta de 70 mil achados. Resumindo, e para não cansar você, leitor: qualquer variação na frase, incluindo ou suprimindo palavras, é favorável ao presidente que entrega o mandato no dia 1º.
De duas uma: ou os simpatizantes de Lula estão “bombando” na internet ou os descontentes com o presidente é que estão meio desligados da rede. Outra explicação possível é a seguinte: ou os que gostam de Lula são realmente maioria incontestável e querem mostrar isso no mundo virtual ou os que não gostam, além de ser minoria, já desistiram de reclamar ao mundo das mazelas do presidente.
Pode haver outras tantas interpretações para o resultado – a gosto do freguês –, mas se lembrarmos que as pesquisas de opinião apontam para uma aprovação de Lula superior a 80%, fica fácil chegar a uma conclusão sobre os números da internet.
Normalmente, presidentes da República entram para a história por suas realizações – e algumas vezes pelo que deixaram de fazer pelo país. Mas é também comum ficarem marcados por frases de efeito. O general João Batista Figueiredo produziu uma coleção delas em seus cinco anos no poder. A última foi “Me esqueçam”, ao se despedir do governo numa entrevista à TV. De certa forma, o povo obedeceu à última ordem do militar.
Antes de ser enxotado do Palácio do Planalto, em 1992, Fernando Collor de Mello se apoderou de uma frase célebre – “O tempo é o senhor da razão” –, numa tentativa de mostrar ao país que no futuro seria inocentado de todas as acusações que lhe eram feitas. Collor foi eleito senador, virou aliado do próprio Lula e tentou o governo de Alagoas na última eleição, mas o tempo até agora não lhe tirou a pecha de presidente corrupto.
Fernando Henrique Cardoso também tem uma coleção de frases que o brasileiro não esquece. A que talvez mais o tenha marcado é aquela que os aliados garantem que ele não falou: “Esqueçam o que eu escrevi” – teria dito FHC, ao justificar a diferença entre as suas teses como sociólogo e suas ações como presidente.
Lula, no entanto, é o campeão das frases de efeito, de defeito (no português) e de provocação aos adversários. Por muitos e muitos anos ele vai ser lembrado pela frase incompleta “Nunca antes na história deste país…”, que virou quase um bordão do presidente petista.
Na boca do povo, “Nunca antes na história deste país…” serve para descrever o ineditismo de muitas coisas boas – e ruins – que ocorreram no Brasil nos últimos oito anos de governo: do desenvolvimento econômico ao combate à fome, do mensalão à fraude no Enem. Mas, antes de mais nada, serve para descrever o próprio Lula. “Nunca antes na história deste país um presidente da República foi tão (…….................) para os brasileiros.