"Quem acha que o ex-presidente do Banco do Brasil não sabia de nada vai se surpreender..." |
A Operação Lava-Jato não foi ontem a vedete da corrupção no país, embora
suas cifras bilionárias tornem o escândalo da Petrobras o maior da
história. Quem ganhou as manchetes foi um réu do escândalo do mensalão,
aquele que vários políticos brasileiros – alguns com o quilate de José
Dirceu, o ex-todo-poderoso petista, e do ex-presidente da Câmara dos
Deputados João Paulo Cunha –, estão envolvidos, para ficar em apenas uns
poucos.
A Itália decidiu extraditar Henrique Pizzolato para o
Brasil, depois que ele se aproveitou da dupla nacionalidade para tentar
se abrigar no país. Pizzolato está condenado a 12 anos e sete meses por
peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, depois que embolsou
R$ 336 mil de um escândalo que envolveu mais de R$ 70 milhões em
publicidade do Banco do Brasil.
Agora, só falta fazer o filme. O
enredo é bem movimentado. A fuga espetacular de Pizzolato já bastaria
para produzir cenas que agradariam ao grande público. Ingredientes não
faltam. Ele usou para deixar o Brasil, para ficar em um exemplo macabro,
o passaporte do irmão morto. Fugiu pela Argentina, entrou na Europa
pela Espanha e depois seguiu para a Itália.
Condenado a mais de
12 anos, o ex-diretor do Banco do Brasil não deve ficar tanto tempo na
cadeia. Pelo contrário, deve seguir os passos de seus colegas petistas:
trabalhar para diminuir a pena e usar a legislação brasileira que
permite trocar a pena na cadeia por prisão domiciliar, com um terço de
permanência na penitenciária.
Não deixa de ser, no entanto, mais
um passo contra a impunidade reinante no Brasil. O mensalão deu passos
importantes. A Operação Lava-Jato na Petrobras está dando saltos
gigantescos. Pode ser difícil ter otimismo, mas não custa sonhar com um
país em que o dinheiro público é tratado com lisura ou punido com
cadeia.
"Infelizmente, assim como a coerência, a adoção de
políticas públicas em favor do cidadão e do Estado parece não estar na
agenda petista" - Do deputado estadual Gustavo Corrêa (DEM) sobre a
extinção do Programa Minas Legal, de combate à sonegação de impostos.