Em 2009, lá pelo meio do ano, o cidadão Vanderlei Luxemburgo da Silva, então técnico do Santos, tinha uma agenda longe dos gramados. Estava em Tocantins, aonde chegou de avião particular. Visitou Palmas, Gurupi e Araguaína, as cidades mais populosas do estado. Mais que isso, os três maiores colégios eleitorais. “Cheguei até aqui graças ao estudo, em primeiro lugar. E à persistência. O esporte é fundamental para os jovens do país”, era esse o discurso do técnico nos eventos de que participava. A conversa no estado era de que ele se candidataria ao Senado. Na época, não tinha assinado ficha de filiação em nenhum partido. Depois, entrou no PT. Pela porta dos fundos, ficou comprovado agora.
Hoje no Grêmio de Porto Alegre, lá do outro lado do país, Luxemburgo foi condenado pela Justiça Eleitoral tocantinense a um ano e seis meses de reclusão. É claro que a pena pode ser paga com prestação de serviços à comunidade. O juiz de Palmas entendeu que, em sua filiação, o técnico apresentou um endereço falso na cidade, onde nunca morou. Daí a condenação. A sentença prevê também que ele fique inelegível por oito anos. Será que a Ficha Limpa, finalmente, vai prevalecer?
Infelizmente, não. Pelo menos, não ainda. Seria muito bom para o país que uma pessoa tão conhecida como Luxemburgo servisse de exemplo em nome de uma conduta ética na política. Só que a condenação só tornaria o técnico inelegível pelo período se fosse feita na Justiça por um colegiado. Não foi o que aconteceu. Luxemburgo ainda pode recorrer e é óbvio que fará isso, mesmo que tenha arquivado o plano de se enveredar pelo caminho das urnas. De qualquer forma, só o fato de uma condenação atingir alguém famoso em todo o país já é motivo para ter esperança de dias melhores na política brasileira.