A presidente Dilma Rousseff disse, na quinta-feira, durante a reunião ministerial para discutir a crise política diante dos pedidos de impeachment, que está em curso no país um “golpe democrático à paraguaia”. A presidente deve estar mesmo incomodada com os fatos, para tamanha indelicadeza, capaz até de criar um incidente diplomático.
Afinal, em 17 de julho deste ano, Dilma passou a presidência temporária do Mercosul ao presidente do Paraguai, Horacio Cartes. E ainda fez questão de desejar a ele, em seu discurso de despedida do cargo, “êxito na condução dos trabalhos no próximo semestre”. Nada mais é preciso ser dito, não é?
Enquanto pesquisa mostra que os brasileiros estão sendo obrigados a apertar o cinto diante da crise econômica e com a ausência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que está na reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Lima, no Peru, o assunto do encontro ministerial ficou restrito aos pedidos de impeachment. Nada mais.
Com uma inflação de 9,5% em 12 meses, os brasileiros cortam gastos. Roupas, lazer, alimentação fora de casa e viagens são os itens mais citados pelos entrevistados. E um terço – o que é grave – incluiu a educação na tesourada. De novo: sem comentários.
Na reunião focada só na política, tratou-se de traçar a estratégia a ser adotada no Congresso para tentar desqualificar a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que aprovou a rejeição das contas da campanha da presidente Dilma na eleição do ano passado. E os poucos ministros que falaram de fato não deram só pitacos: defenderam que a decisão do TCU foi equivocada.
As pedaladas verbais, pelo jeito, também subiram na bicicleta de Dilma. Só para lembrar, a decisão do Tribunal de Contas da União foi unânime.