É filme velho, já passou, já foi reprisado várias vezes e, por mais que
os brasileiros insistam, o final é sempre o mesmo. No Nordeste,
Graciliano Ramos descreveria melhor o que acontece, mesmo que tenha
feito o livro no século passado e com muito mais estilo. Já no século
21, a foto da menininha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) no lançamento do Bolsa-Família em
Itinga já é página virada dos jornais.
A avó, que também aparecia, já morreu. A mãe continua vivendo das benesses do programa do governo, R$ 102 por mês. A filha, a grande personagem, veio tentar a sorte no Sul Maravilha. Vez ou outra, o tio a leva para ver a mãe na época de Natal. No fim do ano passado, não apareceu. Vidas secas e esquecidas.
No Sul Maravilha, onde o Bolsa-Família também está presente, as encostas continuam apavorando e matando os moradores das áreas de risco. E elas estão bem ali, pertinho de pedaços da história do Brasil, como Petrópolis, que o próprio nome indica foi fundada por dom Pedro II. Só que as histórias que hoje são contadas de seus arredores nada têm a ver com a realeza, com o luxo, com a pompa e a circunstância. E muito menos com o imperador que teve a sabedoria de reconhecer a importância da invenção do telefone.
As enchentes pouco assustam os amigos do rei, mas deixam o reino em polvorosa e em prantos por mais um parente querido que se foi pela força das águas e sufocado pelo barro da encosta que desabou.
Nos gabinetes imperiais e oficiais de Brasília, a cada ano, surgem planos miraculosos de prevenção. A rainha usa o programa de rádio para anunciar que ano que vem será diferente. Só que chega a chuva, o único aparelho do casebre molha e estraga, a pilha acaba. E os mortos, os plebeus, é bom ressaltar, são contados mais uma vez.
A avó, que também aparecia, já morreu. A mãe continua vivendo das benesses do programa do governo, R$ 102 por mês. A filha, a grande personagem, veio tentar a sorte no Sul Maravilha. Vez ou outra, o tio a leva para ver a mãe na época de Natal. No fim do ano passado, não apareceu. Vidas secas e esquecidas.
No Sul Maravilha, onde o Bolsa-Família também está presente, as encostas continuam apavorando e matando os moradores das áreas de risco. E elas estão bem ali, pertinho de pedaços da história do Brasil, como Petrópolis, que o próprio nome indica foi fundada por dom Pedro II. Só que as histórias que hoje são contadas de seus arredores nada têm a ver com a realeza, com o luxo, com a pompa e a circunstância. E muito menos com o imperador que teve a sabedoria de reconhecer a importância da invenção do telefone.
As enchentes pouco assustam os amigos do rei, mas deixam o reino em polvorosa e em prantos por mais um parente querido que se foi pela força das águas e sufocado pelo barro da encosta que desabou.
Nos gabinetes imperiais e oficiais de Brasília, a cada ano, surgem planos miraculosos de prevenção. A rainha usa o programa de rádio para anunciar que ano que vem será diferente. Só que chega a chuva, o único aparelho do casebre molha e estraga, a pilha acaba. E os mortos, os plebeus, é bom ressaltar, são contados mais uma vez.