Talvez os brasileiros, com a ajuda dos santos juninos, tenham uma semana de folga com a triste situação da política. Talvez, porque a Polícia Federal, com a Operação Lava-Jato e seus desdobramentos, como a Turbulência e Custo Brasil, pode encontrar novos envolvidos no maior escândalo de corrupção já visto no Brasil – que faz com que o mensalão pareça brincadeira de criança –, mas que não foi capaz de mudar o comportamento de nossos nobres parlamentares.
A cara de pau é tanta, que o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que quebre o seu sigilo telefônico. Tenta provar que é inocente. Ora, se tentou esconder, sem sucesso, é verdade, ter contas no exterior, Cunha ia usar telefones que pudessem, pelo menos facilmente, ser descobertos e suas ligações rastreadas? Improvável, né? De bobo, ele nada tem. Mesmo assim, se é que o Supremo vai cair nessa, Cunha quer é se defender.
Tanto que incluiu em seu pedido à Corte também a quebra do sigilo telefônico do senador Edison Lobão (PMDB-MA). Eduardo Cunha quer rebater a delação premiada do empresário Júlio Camargo, que afirmou ter feito pagamento de R$ 5 milhões para subornar o presidente da Câmara dos Deputados, por meio do parlamentar maranhense. A informação é de que o dinheiro vinha do “bolso” de Fernando Baiano, o lobista que está em todas as investidas para tentar barrar as investigações da Lava-Jato.
É assim mesmo, domingo é dia de descanso, de relaxar. Mas não tem jeito de mudar de assunto na política. Porque os fatos atropelam, tamanha é a corrupção que vem a público diariamente e não tira folga nem no dia de ir à missa, rezar para que a impunidade não volte a reinar e que a Operação Lava-Jato continue contribuindo fortemente para isso.
Continue é o verbo, porque figurões como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tenta fazer de tudo para escapar das garras dos procuradores, inclusive com ações no Supremo Tribunal Federal (STF). Está perdendo tempo. A Lava-Jato não tem como ser atropelada. Os políticos, eles sim, podem ser atropelados. Pela Justiça!