Deve ter sido um café amargo da manhã que a presidente da Petrobras,
Graça Foster, teve ontem com jornalistas. Ela está em uma encruzilhada.
Confirmou que colocou o cargo à disposição da presidente Dilma, mas fez a
ressalva de que era devido ao balanço ainda não auditado e que, por
causa disso, teve a sua divulgação adiada para janeiro. Ele deveria ter
vindo a público e chegado aos investidores e acionistas da empresa na
sexta-feira passada, dia 12.
Depois de fazer questão de avisar que estava ali na conversa com os jornalistas como presidente da Petrobras enquanto contar com a confiança de Dilma, Graça Foster confirmou que falou com a presidente: “Conversamos sim, uma, duas, três vezes”. Repetiu que a motivação é o balanço da empresa.
As conversas da presidente da Petrobras com Dilma contrastam, no entanto, com o estratégico silêncio do Palácio do Planalto sobre o assunto. Pelo menos oficialmente, porque com microfones desligados e vozes sussurradas há quem garanta não haver mais condições políticas para manter Graça Foster no cargo. Ainda mais que o relator da CPI, o deputado Marco Maia (PT-RS), defendeu a sua demissão.
A desintegração do valor das ações da Petrobras por causa das sucessivas denúncias de corrupção que aparecem a cada momento, no entanto, não dá espaço para que Foster continue no comando da empresa. É esse o principal argumento usado por auxiliares próximos do gabinete presidencial.
E é também o motivo da demora de uma decisão. A presidente Dilma Rousseff precisa encontrar um executivo respeitado, experiente na administração de grandes empresas e na relação com os agentes do mercado acionário. Esse problema é tratado no Palácio do Planalto com uma pergunta curta e grossa e direta: “Quem se habilita?”