quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Imprensa faz silêncio sobre muros capitalistas entre EUA e México, Israel e Cisjordânia e Coreia do Norte-Coreia do Sul
O historiador norte-americano William Blum afirma que já esperava por este carnaval de ‘mentiras’ às vésperas dos 20 anos da queda do Muro.
O mote, segundo ele, é que o muro teria sido construído para impedir que cidadãos de Berlim Oriental fugissem para o outro lado em busca da liberdad,’ na queda de braço entre "o mundo livre e a tirania comunista".
Tudo racionalizações!
Vejam algumas das verdadeiras causas apontadas por Blum em MercadoGlobal edição 173
O impressionante é que a mídia ocidental – e, por consequência, a brasileira – não critica os muros paridos pelo sistema capitalista.
Por que o silêncio?
Vejamos alguns exemplos.
México – O muro da vergonha, que os EUA começaram a construir em 1994 na fronteira com o México, tem 3.141 km (!) de extensão abarcando os estados do Texas, Califórnia, Novo México e Arizona.
Até hoje, mais de 5.600 (!) pessoas morreram tentando atravessar a fronteira (em toda a história do Muro de Berlim – quase trinta anos – morreram e ficaram feridas pouco mais de 200 pessoas).
Pergunto: os milhões de mexicanos que passaram para o outro lado estariam fugindo da ‘tirania capitalista’ mexicana?
Pois é – e ninguém diz nada!
Israel – o muro da barbárie israelense separa Israel do território palestino da Cisjordânia.
Mais de 80% do muro estão construídos em terras palestinas – portanto, roubadas!
O pretexto apresentado pelo ex-ministro Ariel Sharon – o ‘carniceiro de Sabra e Shatila’ –, que começou sua construção, foi o de evitar a entrada de terroristas.
Mas, como, se os terroristas de estado são os israelenses que massacram, usurpam e condenam 450 mil palestinos a viverem em gueto forçado?
O Tribunal Penal Internacional (TPI) declarou ilegal o muro da barbárie israelense que, por enquanto, tem mais de 700 km!
Mas, para os nazi-sionistas israelenses isto soa como piada; eles nunca respeitaram as deliberações da ONU.
Por que haveriam de respeitar declaração do TPI, instituição que só tem servido para condenar desafetos do Tio Sam?
E ninguém diz nada!
Coreia do Norte e Coreia do Sul – O país tinha libertado-se do jugo japonês ao final da II Guerra Mundial.
Os exércitos soviético e norte-americano ocuparam o Norte e o Sul, respectivamente.
Em 1950 os norte-americanos deram início ao plano “O dragão voador” para dominar todo o Sudeste asiático.
Provocações na fronteira forçaram revide da Coreia do Norte.
Foi o pretexto para os norte-americanos iniciarem a ‘Guerra da Coreia’ que durou até 1953.
A partir daí os EUA construíram grande muralha separando o país e colocaram na Coreia do Sul 50 mil soldados norte-americanos, além de armas nucleares.
Até hoje!
E a mídia ocidental não diz nada!
P.S. – em pesquisa relativamente recente quase 60% dos alemães orientais declararam que preferiam a vida que tinham nos tempos da RDA (República Democrática Alemã), sem desemprego, com segurança, saúde e educação garantidas.
Obama clama, na China, por liberdade de imprensa, mas se omite sobre censura nos EUA
Lindorff enumerou alguns casos mais vergonhosos de censura e autocensura à imprensa nos EUA.
Ele afirmou que mais de 1 milhão de quilos de munições, à base de urânio foram usadas na invasão norte-americana do Iraque, a maior parte em áreas povoadas onde milhões permanecem expostos à poeira radioativa do material queimado. Também no Kuwait, Afeganistão e Kosovo foi usado urânio.
"O tema é ignorado pela mídia dos EUA. O Pentágono mente sobre o fato e esconde há anos os efeitos desta substância letal, usada em granadas, bombas e balas por causa de sua capacidade única de penetrar blindagens de aço e paredes de concreto de abrigos antiaéreos. O órgão recusa-se a revelar onde as armas foram usadas e nega aos soldados dos EUA os testes que mostrariam se eles foram contaminados", disse ele.
O jornalista denunciou que o Pentágono chegou a pagar jornalistas mercenários para, furtivamente, caluniar, difamar e minar de outras maneiras as fontes militares e repórteres que tentaram expor este flagelo.
Ele acrescentou que só recentemente surgiram reportagens na SkyTV e no jornal The Guardian, ambos da Grã-Bretanha, revelando aumento alarmante de defeitos de nascença incomuns e de câncer infantil em Faluja e outras cidades iraquianas, como Basra, Najaf, Bagdá e Samara – todas áreas urbanas onde houve grandes ataques das forças dos EUA tanto na invasão inicial, quando a maioria das armas de urânio foi usada, quanto nos combates posteriores contra grupos insurgentes escondidos.
Para Lindorff, não há motivo para a mídia dos EUA não poder informar sobre o urânio e seu legado mortal nos lugares onde foi usado e isto demonstra o nível de censura e auto-censura existente no país, onde uma das formas mais potentes de censura é cultivada pela mídia de propriedade privada - supostamente, bastião da liberdade de expressão.
"Os norte-americanos sabem que a Al Qaeda foi, na verdade, uma criação da CIA? Não. Esta importante peça de informação não é mencionada na mídia dos EUA, que sempre começa a contar a história da organização a partir de 1988, o ano em que ela foi batizada, quando na verdade suas origens datam do armamento dos mujahedin pelos EUA, e pelo serviço de inteligência paquistanês, ligado à CIA, o ISI, no final dos anos 1970 e início dos 1980, quando o governo norte-americano queria criar e apoiar a resistência à ocupação soviética do Afeganistão", afirmou o jornalista.
Gaza, campo de extermínio lento
Thabet El Masri: Sim, pois eu segui, de forma contínua, o fenómeno do nascimento de bebés com malformação congénita. Registei o número de bebés nascidos com malformações congénitas em Julho, em Agosto e em Setembro de 2009. Comparei estes dados com os números dos mesmos meses do ano de 2008. Eis os resultados: em Julho de 2009, houve no Hospital Shifa 15 casos desse tipo, contra 10 em 2008; em Agosto de 2009, houve 20 casos, contra 10 em 2008; em Setembro de 2009, 15 bebés nasceram malformados, contra 11 em 2008. O número médio de nascimentos no Hospital Shifa é cerca de 1100 por mês.
Silvia Cattori: Conhecido o relatório, causou muita emoção e inquietude. Imediatamente, muita gente atribuiu o aumento de malformações nos fetos abortados e nos recém-nascidos à utilização, pelo exército israelita, de obuses de fósforo branco. Será assim?
Thabet El Masri: Supomos que sim, mas não podemos confirmar que a utilização de armas químicas por Israel causou este aumento de malformações congénitas.
Silvia Cattori: Os bebés atingidos por malformações congénitas são todos originários de populações vivendo em campos de refugiados, populações particularmente submetidas a bombardeamentos israelitas? De que zonas são as mães?
Thabet El Masri: Os bebés portadores de malformações congénitas vêm de todo o lado da faixa de Gaza. Todavia, metade das mulheres que deram à luz bebés com malformações são originárias do campo de refugiados de Jabaliya.
Silvia Cattori: Na presente situação, que pode fazer para sossegar as mulheres grávidas que estão neste momento muito ansiosas?
Thabet El Masri: Efectivamente, nada. Não há nada que possamos fazer para garantir que os seus bebés serão normais. Como poderíamos nós impedir a presença de substâncias químicas que podem causar defeitos de nascença?
Silvia Cattori: Há em Gaza embriologistas capacitados para fazer testes genéticos?
Thabet El Masri: Infelizmente não estamos equipados para fazer testes genéticos para saber se as anomalias congénitas são devidas a factores genéticos ou a substâncias químicas. No fim de contas, trata-se de um problema genético e as substâncias químicas podem muito bem ser responsáveis por estas mutações.
Silvia Cattori: Que é feito dos investigadores internacionais que em 2006 recolheram amostras para serem testadas em laboratórios europeus? Houve resultados?
Thabet El Masri: Esse é um grande problema! Se os factores químicos são responsáveis, isso é muito difícil de provar. Como provar que são os produtos químicos que estão na origem das mutações? Como provar que os israelenses utilizaram substâncias interditas?
Silvia Cattori: Compreendemos que, enquanto médico, o doutor esteja muito preocupado e que, na actual desesperada situação, tenha necessidade de uma ajuda internacional…
Thabet El Masri: Sim. Gostaria de sugerir algo que pudesse ajudar-nos, sem esgotar os nossos limitados recursos financeiros no domínio da pesquisa genética, que precisa de verbas avultadas. Dito de uma forma directa: seria extremamente útil convencer os israelenses a não voltarem a usar armas químicas como fizeram no Inverno passado.
Silvia Cattori: Que tipos de patologias tem observado nos bebés nascidos este Verão? Pode dar-nos exemplos de defeitos de nascença que constatou nesses bebés?
Thabet El Masri: Verificamos problemas do sistema nervoso central, hidrocefalia e anencefalia, e ainda outro tipo de malformações como cardiopatias congénitas e obstruções do tubo digestivo. Os problemas renais são muito frequentes. As malformações visíveis são raras; os problemas são geralmente internos.
Está a ver que problemas temos pela frente! As mães ficam sem defesa, nós nem temos resposta para as suas inquietações. Elas sabem que estamos sós nesta situação. Só lhes resta rezar!
Silvia Cattori: Não tem contactos com o exterior?
Thabet El Masri: Não temos absolutamente nenhum contacto com o exterior.
Dei-lhe uma visão geral do problema principal. Como lhe disse, há uma probabilidade de que as substâncias químicas possam ser uma das causas da tendência de aumento de defeitos de nascença, pois estes aumentaram desde o assalto bélico de Dezembro e Janeiro passados. Contudo, esta conclusão é impossível de provar.
Silvia Cattori: Muito lhe agradecemos esta entrevista.
[*] Jornalista suíça.
O original em inglês encontra-se em http://www.silviacattori.net/article987.html . Traduzido da versão francesa por Maria Rodrigues, da equipa TPG: http://todosporgaza.blogspot.com/2009/11/gaza-um-campo-de-lento-exterminio.html
A versão em português encontra-se também em http://www.silviacattori.net/article1016.html
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