Pais do menino David, de 10 anos, que se matou após ter atirado na professora Roseleide, de 38 anos, em São Caetano/SP |
São dois casos extremos que tiveram cenário semelhante. A escola serviu de palco de dramas não adivinhados e, por isso, difíceis de prevenir. Podem-se exigir detectores de metais nas entradas. A providência talvez dificulte o ato extremo. Mas, certamente, não impedirá que ele se concretize fora dos muros da instituição. O noticiário tem mostrado com indesejável frequência agressões a estudantes e professores nas proximidades de colégios públicos e particulares.
A verdade é que meninos e meninas, impossível desconhecer, vivem em sociedade que explora e glamoriza a violência. A rua, antes espaço de brincadeiras, passou a representar risco. O perigo obriga crianças, em vez de conviver com os vizinhos, a se refugiarem diante da tevê ou do computador. Jovens se organizam em gangues para atacar os grupos rivais. O consumo de drogas, que se alastra assustadoramente, faz os reféns do tráfico buscarem a satisfação do vício a qualquer preço. Famílias desestruturadas deixam de transmitir valores capazes de frear os instintos.
A televisão exibe, em horário nobre, cenas de barbárie sem discriminar faixas etárias. A agressão não é só física. Muitas vezes é moral e psicológica. Comportamentos degradantes merecem espaços generosos nos quais se glamorizam as aberrações. Homicídios, assaltos, sequestros são ensinados e acompanhados da receita que habilita qualquer um a jogar-se na aventura. Mesmo suicídios, até há pouco resguardados da exibição apelativa pela mídia, tornaram-se tema de programas popularescos.
Trata-se de caldo de cultura explosivo que obriga a sociedade a se repensar. Um dos tópicos que merecem atenção especial é a facilidade com que se pode adquirir armas no país. Revólveres e pistolas são hoje o objeto de desejo de assaltos a residências. Jovens fazem vaquinhas com a finalidade de comprar uma arma (lamentável objeto do desejo de muitos deles) –, seja para cometer crime, seja para conquistar prestígio no grupo.
A vida, assim, se banalizou. Roubá-la custa pouco e não tem a punição merecida. É o que comprovam as tragédias de Realengo e de São Caetano. Elas surpreenderam a comunidade escolar. Vale a pergunta: sem revólver ou pistola, os autores teriam atingido o objetivo? É certo que não.
A vida, assim, se banalizou. Roubá-la custa pouco e não tem a punição merecida. É o que comprovam as tragédias de Realengo e de São Caetano. Elas surpreenderam a comunidade escolar. Vale a pergunta: sem revólver ou pistola, os autores teriam atingido o objetivo? É certo que não.