Muita água ainda vai passar debaixo da ponte até as eleições de
2014. É fato que as manifestações Brasil afora abalaram a certeza do PT e
aliados de que a fatura seria fechada no primeiro turno da disputa e
com folga. Mas daí desprezar quem está no Palácio do Planalto é bobagem.
Por isso soa apenas como mais uma chantagem ou desejo de mais poder os
boatos de que o PMDB estaria colocando a faca no pescoço de Dilma
Rousseff e ameaçando abandonar o barco diante das pesquisas que apontam
queda significativa da popularidade da presidente.
Nem
mesmo o PSB, que cada dia mais dá sinais inequívocos de que vai mesmo
para a disputa presidencial e, caso ela seja em dois turnos, no segundo
não pretende ficar ao lado do PT, abdicou de seus espaço no governo
federal. E olhe que ele é pequeno se comparado aos cinco ministérios do
PMDB e os cargos que o partido ocupa em outros escalões na estrutura
federal em diversos estados. O partido do governador Eduardo Campos,
pré-candidato ao Palácio do Planalto, comanda atualmente o Ministério da
Integração Nacional, com Fernando Bezerra Coelho, pasta que tem
distribuído recursos consideráveis para obras das mais diversas nos
municípios brasileiros, e a Secretaria Especial de Portos, com Leônidas
Cristino. E bate no governo todos os dias.
Partidos, não é
de hoje, são movidos por cargos e não por ideologia. Ninguém em sã
consciência acredita que o PMDB ou outros partidos estão ao lado da
presidente porque acham seu programa de governo maravilhoso e se
identificam com ele. O problema é o governo, fragilizado pela perda
inesperada de popularidade, acabar virando refém dos partidos aliados,
cedendo a todas as reivindicações e perdendo ainda mais sua identidade.
Para um governo que vem sofrendo críticas de todos os lados, inclusive
da esquerda, o risco é grande.