Com amigos como o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência
da República, Gilberto Carvalho, a presidente Dilma Rousseff (PT),
candidata à reeleição, não precisa de inimigos. Em Pernambuco, Carvalho
deu forte declaração sobre a atual situação eleitoral: “Atravessamos um
momento delicadíssimo em nossa campanha. Plantou-se um ódio enorme
contra nós. Não sei o que foi aquilo. Em São Paulo, estava muito difícil
andar com o broche ou a bandeira de Dilma. Em Brasília, a cidade estava
amarela, sem vermelho”.
Gilberto Carvalho participava de uma
“plenária”, como os petistas chamam, com diversas entidades que apoiam a
presidente Dilma. Difícil saber se ele estava tentando mobilizar os
aliados ou fazendo mesmo um desabafo. Afinal, ele continua o discurso:
“O ódio tem sido construído com a gente sendo chamado de ladrão. Estamos
sendo chamados de petralhas, que assaltaram o governo”. Tanta
sinceridade assim é melhor deixar sem comentários.
Talvez por
causa de um sentimento como este, a campanha da presidente Dilma tem
elevado o tom das críticas ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Enquanto as
pesquisas deixam o eleitor desnorteado, os programas em cadeia
obrigatória de rádio e televisão ficam mais agressivos. Será que é isso o
que querem os eleitores?
Outro aspecto importante são as
pesquisas eleitorais. Elas continuam discrepantes. Talvez por isso a
disputa pelos votos de Marina Silva (PSB), que anunciou apoio a Aécio e
vai participar da campanha, ganhou tanta importância na estratégia da
petista. Se migrarem para seu concorrente, recuperá-los será uma tarefa
hercúlea. Até porque, Marina foi o alvo preferencial de Dilma no
primeiro turno. E hoje a campanha petista admite que foi um erro
político. Meio tarde demais.