Alguns analistas políticos creditam ao discurso do medo no programa
eleitoral gratuito veiculado pela presidente Dilma Rousseff (PT) a sua
recuperação nas pesquisas. Uma recuperação de três pontos percentuais.
Não é o que parece. Talvez a análise mais correta seja exatamente o
contrário. Dilma não subiu mais por causa da propaganda negativa.
Afinal, é muito mais provável que sua recuperação deva ser debitada na
conta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um cabo eleitoral
muito mais eficaz do que atores fingindo estar famintos e sem ter o que
comer. Em preto e branco, ainda por cima.
O fato de os adversários da presidente terem subido mais na pesquisa, conquistando votos de eleitores antes indecisos, é mais significativo. Mostra que a disputa ainda está aberta, com todas as condicionantes de um ano atípico, com Copa do Mundo no Brasil e as imprevisíveis manifestações.
Mais que isso, há o suspiro da economia. O crescimento perde força em relação inversa com a inflação, perto de ultrapassar o topo da meta. O emprego está estagnado e as empresas, especialmente a indústria, vão esperar o Brasil voltar ao normal depois da Copa para rever seus planos de contratação. Isso não acontece antes de meados de agosto, início de setembro. Dará tempo de impactar a eleição?
Qualquer prognóstico agora diante de um quadro inédito na corrida presidencial é, no mínimo, arriscado. É preciso aguardar a composição das coligações, as defecções de sempre em grandes partidos, como o PMDB, os ajustes nos discursos e, principalmente, o comportamento do eleitor, que este ano está muito diferente de outros pleitos.
A urna eletrônica ainda não está instalada. Os palanques ainda estão para ser montados. E a bola ainda não rolou nos novos e caros estádios para a Copa do Mundo. Melhor esperar para ver o que acontece.