Sem insumos e remédios, hospital da prefeitura do Rio está usando apenas metade de seus leitos
A crise no Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, é crítica. No último dia 14, apenas 52% dos leitos estavam sendo usados. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj), isto acontece por falta de insumos e medicamentos. Ou seja: não adianta colocar um paciente na vaga se não há remédio e curativos, por exemplo, para atendê-lo.
Este mês, o Cremerj esteve também em mais três hospitais da prefeitura do Rio - Pedro II, Albert Schweitzer e Lourenço Jorge - e o que encontrou é preocupante: superlotação, pacientes internados em poltronas, de falta de profissionais, remédios e manutenção.
O Cremerj diz que esta situação é resultado dos "cortes no orçamento da Secretaria Municipal de Saúde promovidos pela Prefeitura do Rio" e os "problemas que prejudicam, e muito, a assistência à população".
- O cenário no Hospital Municipal Evandro Freire, fiscalizado no último dia 14, por exemplo, é crítico. Dos 40 leitos de clínica médica, apenas 11 estão sendo utilizados. A ala de psiquiatria, que conta com 15 leitos, está com somente sete em funcionamento. Na terapia intensiva, apenas 20 dos 30 leitos estão ocupados, e a ala de terapia semi-intensiva encontra-se fechada. Há superlotação nas salas vermelha e amarela e pacientes sendo redirecionados para outras unidades sem passar pela supervisão médica - explica a nota do Cremerj.
E mais: a emergência pediátrica tem funcionado sem a sala amarela, devido ao fechamento dos leitos de internação. Os fiscais encontraram uma paciente ortopédica internada numa cadeira há 17 dias aguardando transferência para o INTO, e duas crianças estavam dividindo um leito de isolamento adulto.
Segundo o Cremerj, o repasse de verbas da prefeitura está atrasado desde o mês passado. Os salários das equipes de julho foram quitados em duas parcelas, mas os de agosto, que deveriam ter sido depositados até o dia 10 deste mês, ainda não foram pagos.
Veja o resultado da fiscalização nos outros hospitais, segundo avaliação dos médicos fiscais:
Hospital Municipal Pedro II - Foi vistoriado dia 11.
O Cremerj conta que a falta de repasse da prefeitura tem provocado o atraso no pagamento dos salários dos funcionários, o que gera altos índices de rotatividade.
Dos 30 leitos de UTI adulta, dez estão bloqueados desde janeiro passado. E apenas 12 desses leitos contam com ventiladores mecânicos.
As salas vermelha e amarela estavam superlotadas no dia da fiscalização, com, respectivamente, 26 e 48 pacientes em cada, muitos acomodados em macas e poltronas.
Além disso, muitos doentes em pré e pós-operatório foram encontrados internados ao lado de outros com patologias infecciosas, sem o espaçamento mínimo de segurança e correndo risco de infecção hospitalar.
As médicas fiscais observaram ainda pacientes clamando por cuidado, água e ajuda para ir ao banheiro, resultado da escassez de profissionais de enfermagem.
Hospital Municipal Albert Schweitzer - Foi fiscalizado dia 10.
O hospital está com 20 leitos de UTI, três de Unidade Intermediária (UI) e oito de clínica médica desativados.
Outro problema é a dificuldade em transferir pacientes com deficiência renal crônica para clínicas de referência para realização de terapia renal substitutiva.
Equipamentos como monitores e ventiladores mecânicos de transporte também estão em falta.
Hospital Municipal Lourenço Jorge - Foi vistoriado dia 6.
Faltam médicos neonatologistas e de clínicos no setor de Unidade de Terapia Intensiva adulta. O aparelho de tomografia está inoperante há 10 meses, e não há intensificador de imagens para realização de arteriografia e doppler arterial.
Faltam monitores para inauguração da Unidade de Cuidados Intermediários, que visa estabilizar pacientes graves até a transferência para o leito de terapia intensiva, já que a UTI do hospital conta com apenas 13 vagas.