O mundo político brasileiro está vivendo uma temporada de surrealismo
explícito. Na CPI do Cachoeira no Congresso, o governador do Distrito
Federal, Agnelo Queiroz (PT), surpreendeu e ofereceu a quebra do seu
sigilo bancário, o que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB),
tinha, na véspera, se recusado a fazer. Diante da nova situação, Perillo
mudou de ideia e também abriu o seu sigilo bancário.
Assim que Agnelo
anunciou a sua boa vontade com a CPI, deputados e senadores da oposição
pediram que ele assinasse um documento autorizando o que prometeu. Aí
foi a vez de parlamentares governistas entrarem em ação para barrar o
ato. Resultado: os dois requerimentos, tanto o de Agnelo, que assinou o
seu, quanto o de Perillo, serão votados hoje. Será que os nobres
integrantes da CPI vão livrar a cara dos governadores? Ou vão cumprir o
“desejo” que eles manifestaram em público? A conferir.
Outro caso
aconteceu entre os poderes Judiciário e Executivo, que são independentes
por garantia constitucional. O ministro Fernando Tourinho Neto, do
Tribunal Regional Federal (TRF), considerou ilegais as escutas que
pegaram o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), autorizadas em
primeira instância. A questão ainda será votada na 3ª turma do TRF, já
que houve um pedido de vista. O processo é movido pelo bicheiro
Carlinhos Cachoeira. Antes mesmo de uma decisão definitiva, o ministro
da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não integra o Poder Judiciário,
ressalvou que é uma questão polêmica, mas foi claro e objetivo: “A
posição do Ministério da Justiça é que essas provas foram legalmente
coletadas, são provas legais, que seguiram decisões judiciais”.
Bem,
é melhor esperar pelas decisões judiciais nas instâncias superiores,
que têm a palavra final. Como também é melhor esperar para ver o que
acontece hoje com as quebras de sigilo bancário de Agnelo Queiroz e
Marconi Perillo. Façam suas apostas.