Foi em evento, no Palácio do Planalto, em que a presidente Dilma Rousseff prorrogou, por mais três anos, a licença para médicos, que ainda não tiveram a validação do diploma. São profissionais que trabalham aqui desde 2013. E não validaram o diploma? Então, medida provisória para eles. E, óbvio, aproveitou para se defender: “É golpe coberto pelo manto do impeachment. É ridícula a acusação”. Nem é preciso contestar. Todo o discurso foi nesse tom: foi a despedida do governo, um réquiem.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, não desiste. Ao contrário, insiste. Repetiu os senadores do PT e também pediu o afastamento do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) da relatoria do processo de impeachment. Mais uma vez, o pedido de suspeição foi negado pelo presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB).
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que já foi do PFL, do DEM, do PSD e agora está no PMDB, para ficar mais perto do governo e ganhar o comando do ministério, também fez o seu agrado: “Eu apoio a presidente Dilma pela reciprocidade que ela deu à agricultura nos últimos cinco anos. Não adiantaria nada a presidente Dilma apoiar a agricultura se ela fosse desonesta”. Uai, o que tem a ver honestidade com a obrigação de um presidente da República? Será que só ela foi honesta e seus antecessores não e deixaram os agricultores à míngua? Faz o favor ministra, conta outra.
O choro é livre, mas enquanto os ministros e a própria Dilma fazem seus últimos discursos, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) se prepara para assumir e já está até montando a sua equipe de governo, com sucessivas conversas em seu apartamento de São Paulo.
Ontem, a conversa foi novamente com o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Na saída do encontro, Meirelles disse que foi apenas dar opiniões sobre a situação econômica do país e negou mais uma vez que tenha sido convidado para ser Ministério da Fazenda. Pode não ter sido convidado oficialmente – até porque Temer não pode passar o carro na frente dos bois –, mas está com um pé no comando da economia. Talvez, os dois pés.