O apetite do PMDB por cargos é conhecido. Portanto, nada mais natural que o vice-presidente da República, Michel Temer, presidente licenciado do partido, tenha oferecido um jantar dos peemedebistas com a presidente Dilma Rousseff (PT). O objetivo, mais que saciar a fome, é acalmar a segunda maior legenda da base governista, atrás apenas da petista. Não é de hoje que o PMDB olha com suspeição para alguns gabinetes do Palácio do Planalto. Seus ministros viraram alvo de denúncias de corrupção e Wagner Rossi, da Agricultura, foi obrigado a pedir demissão, depois de revelado que viajou em jatinho de fornecedores da pasta que ocupava. Outros caciques da legenda andam desconfiados. Nada melhor do que serem prestigiados pela própria presidente. Um carinho mal não faz.
No Congresso, o governo, querendo ou não, continua sangrando. Tudo de que o Palácio do Planalto gostaria era virar a página dos últimos problemas e encontrar uma agenda positiva. Nada disso acontece, embora cabeças coroadas da Esplanada dos Ministérios acreditem que tudo não passa de movimento conspiratório por parte da imprensa. Esquecem-se de que as eleições já passaram, os palanques foram desmontados. Mas ficaram os resquícios da campanha eleitoral. Alguns jornais, especialmente do eixo Rio-São Paulo, fizeram campanha explícita contra Dilma. Com a força de Lula, ela resistiu e venceu. O palanque, no entanto, parece não ter sido desmontado.
A presidente Dilma, no entanto, não vai gastar toda a sua munição. Tenta dar um basta no boliche que vem derrubando um ministro atrás do outro e prefere não fazer um strike de uma vez. Os cargos, de que os peemedebistas tanto gostam, continuam congelados. Mas sairão aos poucos à medida em que os sinais de fidelidade ao governo ficarem mais evidentes e, principalmente, mais confiáveis.