A CPI do Cachoeira nem começou os trabalhos ainda, mas já há gente no Congresso comparando-a com a CPI dos Correios, que tanto estrago trouxe para os políticos brasileiros. Para quem não se lembra, foi nela que estourou o escândalo do mensalão. De acordo com deputados e senadores, a atual CPI está movida por um certo sentimento de desforra. Nesse clima ruim, tudo pode acontecer e a metralhadora política giratória tende a atirar para tudo quanto é lado.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Gordinho
O codinome do senador Demóstenes Torres nas conversas do bicheiro Carlos Cachoeira era Gordinho. Tanto que, nas transcrições das escutas feitas com autorização judicial pela Polícia Federal, toda vez que Cachoeira cita o Gordinho, aparece Demóstenes entre parênteses. O apelido vem de longa data, porque Demóstenes Torres fez cirurgia de redução de estômago dois anos atrás. Por isso está com a atual silhueta, e, diante da crise, deve emagrecer ainda mais.
Dilma, a tinhosa
A presidente Dilma Rousseff não ficou satisfeita com a reunião dos governadores ontem em Brasília para pressionar pela redução do serviço das dívidas dos estados com a União. Tanto que a reunião prevista deles com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi cancelada por orientação direta do Palácio do Planalto. Sinal de que o governo pode até negociar, mas vai endurecer o jogo o quanto puder. Detalhe: a bancada mineira era a mais numerosa na reunião da comissão especial.
Batalhão de Choque na CPI
A lista nem está completa ainda, mas já mostra que a CPI do Cachoeira tem tudo para ser animada, talvez mais animada do que poderia supor o ex-presidente Lula, o mentor intelectual da investigação das denúncias envolvendo o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), antes um dos maiores algozes dos petistas. A começar pela maldade que fizeram o PSDB e o DEM, anunciada aqui, da indicação dos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), dois ferrinhos de dentista. Vasconcelos não conseguiu uma vaga em seu próprio partido. Randolfe tentou convencer o PT a lhe ceder uma cadeira. Não conseguiu. A oposição supriu a lacuna. Mas não é só.
Entre os senadores já indicados está Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que desta vez estará do outro lado do balcão. Vai se divertir, pelo jeito. Ele próprio diz que está mais maduro, não é mais o político esquentado da época em que chegou à Presidência da República, de onde foi apeado depois do processo de impeachment provocado pelo escândalo PC Farias. Também estarão presentes os tucanos Alvaro Dias (PR) e Cássio Cunha Lima (PB), que não devem dar folga aos aliados ao Palácio do Planalto. Uai, mas a CPI não era para investigar a oposição? Em CPI, pode tudo. É isso que faltou a Lula e ao governo pensar.
Entre os deputados, já foram indicados, por exemplo, o tucano Carlos Sampaio (SP) e o democrata Ônix Lorenzoni, que chegam com a experiência de terem participado e aprontado na CPI dos Correios, de triste memória para o PT. Também já indicado, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) pode até ter estado no governo, mas costuma atuar com independência. Não deve amolecer. Estreante, o deputado e delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz (PC do B-SP) é outro que deve dar trabalho. A lista ainda não está completa, mas a julgar pela tropa de choque que vem sendo arregimentada, uma coisa é certa: na CPI, não será possível morrer de tédio.
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