Com a maioria dos deputados e senadores curtindo "merecidas" férias e com o escândalo no Ministério dos Transportes perdendo força na mídia a cada dia, o caso do ministro da Defesa, Nelson Jobim, ganhou destaque maior do que devia. Ele deu entrevista e admitiu que votou em José Serra (PSDB) nas eleições do ano passado. Deu pano para manga. Os petistas, claro, ficaram irritados. Andam de beicinho com Jobim. Os demais partidos aliados fazem cara de paisagem. A oposição, é óbvio, tira sua casquinha e diz que ele não é o único. E quem manda segurar a onda e não alimentar a crise? A própria presidente Dilma Rousseff. Ela orientou auxiliares próximos a jogar água na fervura. Não quer mais confusão.
Deputados do PT partiram para cima de Jobim, usando principalmente as redes sociais na internet, como o Twitter. Estão no seu papel. O curioso é que foi Jobim quem abrigou o ex-presidente do PT José Genoino, nomeado assessor especial do ministério. O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN), tenta acalmar os aliados. Diz que há mesmo um segmento do PMDB que votou em Serra. E que essa ala deve ser atraída para o governo Dilma. Faz sentido. Os peemedebistas sentem de longe o cheiro do poder. E sobrevivem a praticamente todos os governos.
Se o tucano José Serra tivesse sido o vencedor, a recíproca seria verdadeira. Vários peemedebistas que votaram em Dilma iriam aderir e até ser nomeados para cargos no governo do PSDB. E a cara deles nem iria queimar. Afinal, eles estiveram nos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). E nos dois de Lula depois. O PMDB é assim. Com raras exceções, é um camaleão político, desde que continue próximo da caneta presidencial e do Diário Oficial.